sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Bom Futuro
Nei Lisboa
Composição: Indisponível

Leva linha pra pescar
O pandeiro pra bater
E o tempo pra passar sem perceber
Leva um livro pra reler
Uma história pra contar
E o mais a gente inventa se faltar
Depois de ver o sol nascer
Leva dias de calor
O boné e o protetor
E a rede pra esperar o sol se pôr
Óleo, açucar, sal, café
O prazer de descansar
E o resto a gente vê quando chegar
Depois de mergulhar no mar
De tudo que existir
Só peço a deus não deixe nos faltar
Saúde pra ter, pra dar e vender
Leva noites de se amar
Leva nuvens pra esconder
E a lua pra surgir na hora H
Leva um mapa pra esquecer
Onde a estrada terminar
Depois a gente vê se vai voltar
Quem sabe o que o amanhã dirá
De tudo que existir
Só peço a deus não deixe nos faltar
Saúde pra ter, pra dar e vender
De tudo que existir
Tomara deus nos lembre de guardar
Saúde pra ter, pra dar e vender


Bom ano novo pra todos vocês!

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

As duas páginas escritas na madrugada (outra insone!) foram pro lixo. E o caminhão recolheu todas as verdades lançadas na folha branca, todo o desabafo, todo o mau-humor.

Mas aí está, reler o que já foi escrito também tem lá suas vantagens. Publico aqui um texto meu de setembro de 2003, tão atual para o dia de ontem...

Fantasmas
A quarta-feira findou com minha vontade urgente de vomitar palavras. Em tudo e em todos, os impropérios mais escabrosos. Danem-se a moral e o costume, essas coisas idiotas inventadas para me aprisionar e me sufocar todos os dias.

Cansei, sabes? Cansei de ser certinha, de exigir a perfeição, de querer levar o mundo nas costas e de não saber dizer NÃO. Desta fábula, cansei de ser a fada. Eu não quero virar bruxa, isso não combina comigo, mas eu exijo o direito de ser ouvida. Ao menos ser levada em consideração.
Os fantasmas assombram, insistem em me assustar. Confesso que, às vezes, sinto medo. Hoje é um dia em que não quero dormir com a luz apagada. Na verdade eu não tenho nem sono. Eu preciso mesmo é sair por aí, caminhar léguas sem destino, tomar um sorvete, tocar meu violão e ver o mar. Ou, talvez, voar para um lugar muito distante, ver pessoas cujo lado obscuro e sórdido eu ainda não tenha conhecido.

É muito ruim ser tocada pelo vazio. E pior ainda é desacreditar das pessoas. Saber que hoje te sorriem e amanhã injetam seu veneno em tuas veias, sem dó nem piedade. Porque as coisas têm de ser assim? Eu sei que tu não tens a resposta, e tu me olhas e ris, talvez me achando uma tola. Ou talvez querendo descobrir-me. querendo percorrer as curvas da minha alma. Desculpa, mas hoje minha essência alçou vôo e esqueceu-se de voltar.

Eu sei que tu não tens culpa do meu péssimo dia. Eu sei disso. Mas eram tantas as assombrações que o vagão do meu trem-fantasma desgovernou. E eu jorrei feito gêiser, sem me dar conta de que estava fervendo, sem me dar conta de que estava te queimando. Eu não gosto de ser assim. Eu não sou assim, fera enjaulada há dias com fome. Preciso apenas de um pouco de paz, para poder ver a claridade e sentir que nem tudo está perdido, já que os pássaros ainda cantam, já que as crianças ainda sorriem e não sentem medo de fantasmas, porque estão seguras.

O sono vem vindo, e com ele o torpor e a dormência característicos de quem passou mal à noite. Talvez me apagar por algumas horas seja um bom remédio para curar a dor no estômago. Só quero te pedir uma última coisa: deixa ligada a luz do corredor, que eu ainda estou com medo do escuro.
***
Espero, há dias, que as boas palavras não de estancassem na ponta dos dedos, nem fossem ocultadas em inferências. Mas deveria ter aprendido, esperar é algo que não devo mais fazer. Expor rigidez é mais fácil para ocultar o que se sente.
***
A todos os meus amigos e amigas do coração, Feliz Nataaaaaaaaaaaal!

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Desconhecendo

Em mais um episódio de Vivendo e não aprendendo, a dona Teresa ainda consegue se decepcionar com a humanidade.

A mesma pessoa que me passou a mão na cabeça (e também na barriga), cheia de sorrisos e augúrios, foi a que inventou a mais idiota mentira a meu respeito. Estúpida.

Há também quem se faça indiferente a indiretas explícitas e entrelinhas reveladas. Na maior cara de pau.

Outros, ainda, não são capazes de olhar o próprio nariz, agindo da mesma forma como criticaram minutos antes.

E existem aqueles que adoram cobrar coerência dos outros, quando não a tem minimamente.

Ah, e aqueles que vivem apontando defeitos quando não enxergam os seus próprios...

Alguém tem aí um pouquinho de paciência pra me dar?

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Dona Teresa:
Vive e aprende, por favor, age ao contrário do que diz o título deste blog, até quando vais ficar dando murros em ponta de faca?

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Pergunta sem resposta

O que é que a gente faz quando quer muito muito muito muito algo (ou, em alguns casos, alguém) que até enxerga vítreo ao longe, mas não pode ter?


Lá está ela, sentada na calçada sob a chuva, a colorida tinta do papel escorrendo pelos dedos, desfigurando um rosto, despetalando as flores do vestido, manchando as pernas e todas as suas ilusões...

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Fui obrigada a aditar este post de hoje.

Em frente à porta da minha sala há, para minha infelicidade, o tal do fumódromo. Mas é um lugarzinho bom de se sentar às vezes, quando não há fumantes, para dar um descansinho ao cérebro e aos ouvidos, surrados pelas inúmeras, mmm, sandices que tenho que resumir ao longo do dia.

Bom, o fato é que eu não fumo, e muito menos agora... Só que meu cérebro travou a uma determinada altura da tarde e eu, vendo que não havia ninguém ali, resolvi me sentar com o Baú dos Espantos, do Mário Quintana, para dar uma relaxada. Bem no cantinho, bem escondidinha. Foi quando um infeliz vivente passou por ali e me disse: "ahá, só na folga, hein?" E sentou-se no sofá da frente para fumar.

Ai, juro que não me aguentei.

- Qual seria a diferença de parar cinco minutos pra fumar ou parar cinco minutos pra ler poesia?
- Ah, fumar é um vício.
- Pois é, ler livros, pra mim, também é. Chega um determinado momento que se eu não pego nenhum livro na mão começa a me dar uma tremedeira, fico com a boca seca, sabe, é horrível.
- Sério?
- Sério.

Ah, vá pro inferno, se ele lesse mais não me faria uma pergunta besta dessas.

Taí, vou propor a um nobre parlamentar que institua no prédio novo da Câmara o leitódromo. Não, melhor, leituródromo, senão vai parecer que tem a ver com leite, né. Quem sabe assim evito de ouvir mais asneirices do que as que já sou submetida diariamente.

HUMPF!
Sábado foi baita dia especial! Além da palestra maravilhosa a que assisti, com o escritor Deonísio da Silva, sobre a origem das palavras, revi amigos de tempos e passei um excelente dia com a minha querida amiga Lisi! Temos que repetir, né?

EEEEEEE


E hoje, a minha homenagem:
Feliz Aniversárioooooooooo, Lisi!
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Criança é um barato, né... O Enrico, meu sobrinho de dois anos, me perguntou na segunda-feira:
Dinda, o Augusto pula na tua roupa? hahaha O que passará pela cabeça desses baixinhos...
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Se eu mudei, não sei de foi pra melhor ou pra pior, mas a gente aprende algumas coisas na vida.
A trilha sonora não podia ser outra: novo CD do Nei Lisboa! EEEE Imagina se eu ia aguentar sem comprar, hehe
"Eu tenho o norte sob o fio da espada e cada dia a me esperar".
(Confissão, do Nei Lisboa, no novo Cd Translucidação)

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Bolinho de chuva (e outras sugestões / reflexões)

A mais ou menos uns oitocentos metros aos fundos da minha casa havia uma área de mata nativa muito bonita. Havia, sim, porque desmataram-na todinha. O motivo? A construção de um condomínio de luxo, o Alphaville, que pelo que me consta há em São Paulo também e nele moram ilustríssimas caras famosas da mídia. O que pouco me interessa.
O inusitado é que ontem eu soube da triste situação de um cão que mordera um ouriço e estava com a boca completamente inflamada. O que uma coisa tem a ver com a outra? É que naquela mata que foi devastada, moravam ouriços, gambás, preás e outros bichinhos mais, quiçá até bugios, e eles estão se refugiando nas casas próximas. E aí acontecem situações como essas que relatei, infelizmente.
Pode parecer um tanto sem importância, mas me chocou bastante, porque fiquei com pena do cachorro e do ouriço, que não teve outra alternativa a não ser invadir o pátio das residências na volta.
E depois vemos nas propagandas um lindo condomínio, que preserva a natureza. Que piada.

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Sem querer me exibir, mas já me exibindo: fiquei com dez em duas literaturas, nove em outra e nove também na Prática de Ensino. E agora, as merecidas féeeeeeeeeeerias! (Em tese, porque trabalho de conclusão vem aí)

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O livro que estou lendo, do Cortázar, "Jogo da Amarelinha" é realmente ótimo. Recomendo. Além de ter uma construção alternativa, o livro intercala capítulos filosóficos e líricos na narrativa, estou adorando.

Ah, descobri também um site ótimo do Mário Benedetti, autor uruguaio, de quem sou fã. Pra quem gosta, aí vai a sugestão:

http://sololiteratura.com/ben/benedettiprincipal.htm

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Nossa, há muito que eu não ouvia e lia nada em italiano. Bom me reencontrar com o idioma... Se eu não praticar, vou acabar esquecendo.

Amar também é uma prática. Falei tanto em premissas hoje, em teoria do discurso... Pois é, dessa premissa, tirem vocês suas conclusões.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Que a terra há de comer

Ouvi tanta coisa escrota neste final de semana que até agora estou me perguntando se realmente eu terei ouvido mesmo ou se foi mais um episódio da novela das oito que eu devo ter assistido de relance enquanto procurava um canal melhor pra ver.

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Férias em duas disciplinas. Falta ver as duas mais raladas agora...
Eu, em contagem regressiva de cadeiras para o diploma!!!
Iuuuuuuuuuuupi!

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O calor rachou minha testa. Ainda tenho que escrever um artigo para o jornal.
Ânimo, Teresa!

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Não quis ser misteriosa quando disse que o mundo é pequeno e que as quebradas da vida são muitas. E a pergunta que não queria calar, mas eu calei, por falta de coragem ou qualquer outro medo, era se, numa dessas esquinas, ventaria um sorriso ou choveria a mais amarga indiferença.

Grande parte do problema é que eu ainda não consegui parar de olhar para as nuvens de ilusões. Ainda não fechei a janela, nem recolhi as tranças, embora doa a consciência de que a chuva é inclemente e que eu estou encharcada.

Temo ainda porque sei que quando se chega perto das nuvens, elas se revelam muito diferentes do que imaginamos. Acabamos por atravessá-las e ficamos perguntando: onde estará toda aquela alvura? Depois da chuva, nenhuma nuvem fica igual.

Só que eu ainda insisto em admirá-las, sem contar a ninguém, porque lá no fundo me resta alguma esperança, que é somente minha, egoisticamente minha, não me cabendo o direito de dividi-la. Se isso é um desejo infantil de que as nuvens sejam feitas de algodão? Talvez. Mas depois de uma vez tê-las visto, é impossível, ou inaceitável, simplesmente fechar a janela. Ainda que para os próximos dias continuem sendo previstas trovoadas.