sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Não quis ser misteriosa quando disse que o mundo é pequeno e que as quebradas da vida são muitas. E a pergunta que não queria calar, mas eu calei, por falta de coragem ou qualquer outro medo, era se, numa dessas esquinas, ventaria um sorriso ou choveria a mais amarga indiferença.

Grande parte do problema é que eu ainda não consegui parar de olhar para as nuvens de ilusões. Ainda não fechei a janela, nem recolhi as tranças, embora doa a consciência de que a chuva é inclemente e que eu estou encharcada.

Temo ainda porque sei que quando se chega perto das nuvens, elas se revelam muito diferentes do que imaginamos. Acabamos por atravessá-las e ficamos perguntando: onde estará toda aquela alvura? Depois da chuva, nenhuma nuvem fica igual.

Só que eu ainda insisto em admirá-las, sem contar a ninguém, porque lá no fundo me resta alguma esperança, que é somente minha, egoisticamente minha, não me cabendo o direito de dividi-la. Se isso é um desejo infantil de que as nuvens sejam feitas de algodão? Talvez. Mas depois de uma vez tê-las visto, é impossível, ou inaceitável, simplesmente fechar a janela. Ainda que para os próximos dias continuem sendo previstas trovoadas.

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