quinta-feira, 25 de junho de 2009

A tal da melancolia

Acusaram-me de melancólica, esta semana.
Talvez devesse participar daquele evento que anunciaste em teu blog, Lisi!
Mas é muito mais profundo do que isso.
Tão profundo que eu nem saberia explicar...
Pode ser trabalho demais, amor de menos, paciência no limite, saudades, ouvido cansado, cabelo não-cortado, falta de ferro no sangue, céu cinzento, sapato que aperta, jogo perdido, esperança frustrada de voar, picada de mosquito, dor de dente, fim de um livro lido, tesoura sem fio, rua esburacada, sinaleira piscante, preço do quilo de batata, caderno em branco, memória viva, telefone sem bateria,

ah, sei lá.

Votem a causa mais provável e me digam depois. Porque eu, sinceramente, não saberia precisar.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

América Central

(essa é pra quem entende um pouquinho de espanhol)

Yo salgo de Guatemala
Y entro en Guate peor.

Humpf!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Acontece comigo

- Quer ajuda?

Por que só me perguntam isso quando estou terminando de fazer alguma coisa?????????????

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Partida

Falta vento
nas cortinas azuis da janela
da sala

Não há vaso
sob as flores agora murchas
da mesa

O controle remoto
busca em desespero
a tevê

Há cansaço profundo
na porta
que não se abre

A casa não era mais engraçada
Ela tinha teto
E mais nada.


(um pouco triste, eu sei, para um fim de semana, mas vamos lá)

terça-feira, 9 de junho de 2009

(Re) Verso

A luz tá desligada.
Eu tenho medo de escuro.
Tem um monstro debaixo da minha cama.
Eu tenho medo de monstros!!!
Tá todo mundo dormindo.
Só eu de olhos abertos.
Tá chovendo.
Será que vai dar trovão?
Me tapo com o cobertor até a cabeça.
Acho que ouvi um barulho.
Vou lá dormir entre eles!

... ... ... ...
(passos curtos, de meia, no chão, não fazem barulho)

Peço um canto pro Urso Teddy e sussurro bem baixinho: filho, posso dormir contigo, segurando tua mão?

(Ele se vira de lado, segura minha orelha e suspira)

E tudo fica bem.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O dia que eu apaguei (por antecipação) do calendário

Cena 1:

- Alô?
- Oi, Tere, sou eu, a Adri! To te esperando, que horas tu vai chegar?
- Chegar aonde?
- Ué, tu não disse que vinha almoçar aqui em casa hoje?
- !!!!!!!

***

Cena 2:

(quinze minutos depois da Cena 1)

- Alô, Ana, é a Tere, que horas tu vai chegar hoje, pra ficar com o Augusto?
- Ué, não tínhamos combinado que tu ia me dar folga hoje?
- !!!!!!!

***

Cena 3:

(final de expediente)

- Tchau, to indo embora, até amanhã.
- Ô Teresa, tu esqueceu que hoje tem evento à noite e que tu vai ter que trabalhar até as dez da noite?
- !!!!!!!

***

É, tem dias que a gente deveria apagar do calendário. Ou então, verificar se a cabeça está bem grudada no pescoço, que é pra não esquecê-la também.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Reflexões, inutilidades e palavras

Dizem que, para ser um escritor, é preciso observar o mundo. Eu olho. Mas eu fixo minha atenção no que me rodeia da mesma forma como se tenta observar uma mosca grudada na hélice de um ventilador em movimento.

Olhar para dentro não me é muito diferente. São tantos mundos dentro de mim, o que tenho e os que quero, que os olhar de forma linear é tão pouco plausível quanto manter uma taça intacta sobre a estante num dia de terremoto.

No fundo, no fundo, eu queria justificar a minha completa inaptidão para a escrita. Pensei nisso hoje de manhã, ao segurar um açucareiro cheio de formigas e ao me assombrar por não tê-las visto antes ali. Nâo que uma coisa se relacione à outra, mas, enfim, me ocorreu a ideia de que não sou nada observadora. E lembrei-me da voz de um excelente escritor sentenciando-me: não se pode ser escritor sem ser observador.

E aí, fica a pergunta: quem tem razão?

Não tenho resposta. Tenho taças, terremotos, moscas e ventiladores. E, vez por outra, faço todos esses conviverem em alguma coisa que escrevo por aí. Acho que nisso reside, não o segredo da escrita, mas o segredo da vida. E desvendar esse mesmo mistério, todos os dias, é a tarefa árdua que nos cabe, sendo observadores, escritores, leitores, ou não.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Essencialmente metafórica

Milan Kundera já disse, uma vez, para ter cuidado com as metáforas. "Pois o amor pode nascer de uma simples metáfora."

Bem, se ele assim nasceu, pois que assim continue vivo. Com todos os seus ressignificados.