terça-feira, 31 de março de 2009

Das minhas paranóias

Eu pensei.
E fiquei achando que pensar nisso era errado
E então considerei que eu não poderia julgar isso errado ou certo
E daí concluí que pensar que era errado também era errado
E, no final das contas, acabei querendo contar minha paranóia a alguém.

Não tive coragem.

Porque achei que alguém julgaria errado o tal pensamento.
E pra que eu iria pedir uma segunda opinião sobre o que eu já tinha quase certeza?
Mas aí vi que minha certeza não era absoluta.
E fiquei imaginando que minha falta de coragem talvez fosse mais errada ainda do que o próprio pensamento.
E, errado por errado...

Bom, voltei a pensar.

***

"Quello che c'è in fondo al cuore non muore mai
se ci hai creduto una volta lo rifarai
se ci hai creduto davvero
come ci ho creduto io"

(L'aurora - Eros Ramazzotti)

sexta-feira, 20 de março de 2009

Na defensiva

No ângulo de um muro, vi a moça que se encontra sentada sobre uma pilha de band-aids. Vive a vida assim, pronta para sanar qualquer ferida. Mas não se dá conta de que vê apenas de longe os carros passarem.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Primeira briga

- Raios!

Tão intempestiva quanto o fenômeno,
foi a interjeição
que você trovoou.

E eu tive medo de você
tão de repente!
Que fiquei a olhar o seu rosto
em três pontos

reticentes...


Teresa Azambuya

terça-feira, 10 de março de 2009

Ajoelhou, tem que rezar

Hoje caí de joelhos, ao descer do ônibus com o Augusto no colo. Literalmente, os dois joelhos no chão, completamente prostrada. Mas o Augusto, ah, ele eu segurei firme no meu colo: do mesmo jeitinho que ele estava antes de eu cair, ele ficou. Instinto de mãe...

Meu joelhos dóem, tenho dois enormes curativos (é, foi feia a coisa, machuquei pra valer), estou linda de vestido e de "joelheira", mas, enfim, a vida tem dessas coisas. O importante é que ele não se machucou, só levou um sustinho e disse:

- Mamãe caiu de joelho!

Agora só falta a oração.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Monotonia




Daqui do alto
vejo imóveis
as copas das árvores.

Não há vento em mim.

Às vezes se agita um galho
voa desvairado um pensamento

Os meus pássaros se vão
A árvore segue inerte
E eu enterro minhas raízes.

Teresa Azambuya