sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ironia

No dia em que minha mãe foi à minha casa, querendo testar a eficiência do aparelho para surdez que recém colocara, eu estava afônica, por conta de uma gripe.

- Mãe, o aparelho funciona bem, eu é que não consigo falar, escrevi num papel.

Nós duas rimos.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Autores em língua espanhola

Romance sonámbulo


Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montana.
Con la sombra en la cintura
ella suena en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fria plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas la estan mirando
y ella no puede mirarlas.

Verde que te quiero verde.
Grandes estrellas de escarcha,
vienen con el pez de sombra
que abre camino del alba.
La higuera frota su viento
con la lija de sus ramas,
y el monte, gato garduno,
eriza sus pitas agrias.
Pero quien vendra? y por donde...?
Ella sigue en su baranda,
verde carne, pelo verde,
sonando la mar amarga.

(Poema de Federico García Lorca)



"Nunca a vi tão brincalhona como nessa manhã. E creio que nunca mais a veria. Não me lembrava dela tão natural, completamente solta, sem posar, sem inventar um papel, enquanto aspirava com prazer a tepidez da manhã e se deixava invadir pela luz que as copas dos salgueiros chorões peneiravam. Parecia mais novinha do que era, quase uma adolescente e não uma mulher beirando os 30 anos."

(Trecho de 'Travessuras de Menina Má', de Mario Vargas Llosa)


É o que estou lendo, atualmente.
Qualquer semelhança é mera coincidência.

ANTOLÓGICOS NA SERRA

Para quem quiser dar um passeio na serra, ofereço mais um motivo!

Sessão de autógrafos de ANTOLÓGICOS, em Caxias do Sul.
Dia 29 de novembro, às 10 horas, na Livraria Arco da Velha.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Oportunidades

Impossível recolher as palavras à boca, ou às teclas, depois que foram proferidas.

Impossível dizer, com o mesmo efeito, o que não foi dito na ocasião apropriada.

Impossível dormir tranqüilo depois disso tudo.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Eu passeeeeeeeeeei na prova para o Mestrado em Teoria Literária da PUC!

Sexta-feira, farei a segunda etapa da seleção, que é uma entrevista com os professores do Programa de Pós Graduação.

Torçam por mim!

Encontro


(estande da Editora Nova Prova, na Feira do Livro. Crédito da foto: Karen Drago)

Lindo de ver: os três livros que têm meu nome inscritos em sua capa, encontraram-se lá na segunda prateleira (de cima para baixo). Lado a lado, o que é mais espetacular ainda.

Obrigada, Karen, pelo achado.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Disco

Li um conto, ontem, que dizia:

O ser humano é uma espécie de disco arranhado. Sempre incide nos mesmos erros. (não sei se eram essas palavras exatamente, mas era essa a idéia)

E aí fiquei me perguntando se essa não seria a tradução para o título do meu blog. É, acho que sim.

A outra pergunta que fica é:

Não há, portanto, redenção?

Responda, quem puder.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"O amor é a única doença que cura.
A afirmação tem, no mínimo, três sentidos. E todos são válidos."

Disseram-me isso há algum tempo. E eu concordo plenamente.

Pena não ter percebido isso antes.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O não-lugar de escritores diplomados

Para ser escritor, é preciso ter talento. Inspiração, também, mas nem tanto. A escrita é um trabalho, um exercício que exige técnica, disposição, disciplina. Foi-se o tempo em que às musas era creditada a única origem possível da criação literária.

As Oficinas Literárias são protagonistas nesse novo contexto. Na Feira do Livro de Porto Alegre, em 2007, foi realizado o I ENOL – Encontro Nacional de Oficinas Literárias, que iniciou a discussão sobre a contribuição das Oficinas na iniciação de escritores. Este ano, o evento teve continuidade e eu tive a oportunidade de participar dele apresentando a pesquisa que desenvolvi acerca do papel das Oficinas Literárias na formação de autores contemporâneos.

A discussão, em suma, foi sobre o pioneirismo de Lígia Averbuck na realização de Oficinas e a velha questão da padronização de textos, que alguns ainda insistem em atribuir às oficinas.

O que me intrigou, no entanto, não foi nenhuma dessas questões debatidas, porque no próprio debate elas se resolveram. Fez-me repensar os espaços formais de criação literária aquilo que disse minha colega Karen, aluna do Curso de Formação de Escritores da Unisinos, ao sair do evento: "aqui havia pessoas de oficinas literárias e escritores independentes. E nós, três alunos do curso de Formação de Escritores. Não estamos em lugar algum! Temos a preparação e o conhecimento que os leigos não têm. Mas também não temos o aparato da Oficina."

Para contextualizar, preciso dizer que freqüentei, por um semestre, esse Curso de Formação de Escritores da Unisinos. Fiz uma disciplina que me ajudaria a entender um pouco do mercado editorial, um dos objetos de estudo desse trabalho de conclusão que referi no início do texto. O anseio geral da turma, que eu ouvia com muita curiosidade, pois eu pertencia ao curso de Letras, era: o que vou fazer com meu diploma?

Os alunos de Oficina Literária estão encontrando seu espaço, após muitos anos de luta, é verdade. Como foi mencionado no curso ontem, já criaram um mini-sistema literário: eles produzem seus textos; já há, em meio aos alunos, um rapaz que criou uma editora independente e que publica textos dos próprios colegas; e se cada um dos alunos for o consumidor desse trabalho, pronto, a cadeia se fecha.

Se é verdade que os alunos do Curso de Formação de Escritores estão em um não-lugar, querida Karen, é fato que algum espaço deve ser criado. E acredito que esse espaço somente poderá ser criado com criação literária, se me permitem a redundância. Os alunos de Oficina contavam apenas com o nome de um escritor famoso e sua vontade de escrever, aliada a algum talento. Estudaram, trabalharam e tornaram essa capacidade em resultado. Vocês têm um diploma. Os pesos são diferentes, vocês hão de me dizer. E eu respondo: sim, são. Se, por um lado, os alunos de Oficina contam com sua capacidade e com a ajuda do nome de outro (o ministrante) para poderem ingressar no mercado editorial, vocês contam com a capacidade própria, atestada pelo diploma. Estão sendo preparados para transitarem por diversos gêneros textuais, lírico, narrativo, dramático. Coisa que os alunos de Oficina não são. Vocês sabem as ferramentas das quais podem se utilizar. Conhecem a intimidade do mercado no qual vão entrar.

O diploma de escritor pode ser uma ilusão. Assim como ter o nome numa capa de livro apadrinhado por um grande escritor pode ser, da mesma forma. O que vai definir o lugar de cada um é o trabalho. Leiam muito, antes de tudo. E lancem-se à disciplina da escrita. Usem os recursos que vocês recebem na instrução formal a que assistem todos os dias. Tornem a literatura, a criação literária uma rotina. Porque os grandes escritores, as musas e a universidade só dão uma luz. O resultado, o lugar a ser encontrado, depende de cada um.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Realidade nem tão poética

Hoje, como tradicionalmente todos os dias ao meio-dia, o César e meu filho me acompanharam até a parada de ônibus, de onde venho para o trabalho.

Eu estava com um livro no colo, "Conceitos findamentais de poética", livro que estou lendo para a prova de seleção de Mestrado que prestarei amanhã, na PUC.

Enquanto meu filho pisava na grama e ensaiava as duas novas palavras que aprendeu: "que nojo!", eu rememorava alguns dos conceitos de poesia lírica, épica e dramática. Coisa chata, mas, enfim, necessária.

Foi quando parou um carroceiro, desses que juntam papel e garrafas pet vazias, e perguntou se nós tínhamos um cigarro. Respondi que não, e ele já puxou assunto com o César, perguntou quantos anos tinha meu guri, mostrou pra ele o "Toquinho", que era o fiel cão que o acompanhava na carroça. O homem estava visivelmente bêbado. Deixou a carroça estacionada no meio da rua.

Nisso, passou um carro vendendo "sonhos" caseiros. Buzinou freneticamente para que o carroceiro tirasse seu veículo do caminho. O homem, em vez de acatar, começou a gritar "filho da puta, filho da puta". O Augusto arregalou os olhos. E o carroceiro lhe disse: "Humpf, sonhos. Que palhaçada. Não sonha, viu, guri? É perda de tempo. Vai brincar, vai, mas não fica sonhando não.

E eu, com meu livro de poética no colo, fiquei me sentindo uma idiota. Uma perfeita idiota, eu diria.

Tá, ok, a gente não pode deixar de sonhar. Foi por isso que, ao subir no ônibus, abri meu livro e continuei estudando.

Mas, de vez em quando, dava uma espiadinha pela janela, que é pra não esquecer que existem vidas além da vida da gente. Vidas que não podemos ignorar. E nem fechar a cortina.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Meu aniversário!

Pois é, mais um aninho de vida, estou passando pro lado de lá da casa dos vinte, e vamos em frente!

Aos 26 anos, já sou casada, tenho um filho, um diploma, emprego fixo e tenho meu nome escrito na capa de três livros.

Falta-me plantar uma árvore e fazer a carteira de motorista. E algumas outras coisas, claro, que a gente nunca pode parar de sonhar.

Sinto saudades de algumas pessoas. Estou feliz por poder abraçar ainda tantas outras.
Feliz também por ter meus pais saudáveis e fortes.

E se nem a grama é perfeita (não é Karen e Andreia?), que suportemos as rosetas e que nossos pés nunca parem de nos levar.

As felicidades que me deseja quem me abraça, eu estendo pra todos!

Felicidades!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Festa à Fantasia


Yes, foi demais! Aí acima, os três aniversariantes.

Obrigada a todos os que fizeram a alegria da festa!