segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Desabafo de ordem prática

Se você está cansado de fofocas, seja o primeiro a não reproduzi-las.

Ditados populares e passagens bíblicas afins:

* O sujo falando do mal-lavado.
* "Como dirás a teu irmão: 'deixa-me tirar o cisco do teu olho', estando uma trave no teu?". (Mt 7, 3-5)

Sinceramente, há coisas que minha razão não entende e que minha boca não pode deixar de indagar.

***

Última semana antes das eleições!

Bem, as recomendações acima caem como uma luva...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Meu gauchinho

(com seu dindo Cláudio)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ambigüidades

Ela, Doutora em Literatura, fora convidada para dar aulas de literatura clássica aos médicos da Universidade Federal. Ao final de uma aula, foi abordada:

-Vamos tomar um café? Muito prazer, sou Dr. Artur, Cardiologista.

Conversa vai, conversa vem, depois do café foram ao teatro, depois do teatro ao restaurante e eis que as mãos se encontram, os lábios também, e surge o pedido de namoro.

Ela não deu a resposta imediatamente. Esperou para marcar uma consulta, a fim de testar quais efeitos teriam - fora dos livros - as ambigüidades que estava acostumada a estudar.

Ao entrar no consultório e, deparando-se com os olhos atônitos e surpresos do médico, apenas disse:

- Quero que você cuide do meu coração.

E ele, resoluto, sentenciou:

- Eu aceito, com a condição de que possa abri-lo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Para ladrões de margarina:


Colei o aviso no pote vazio e deixei-o na geladeira.
Vocês não acham justo?

Da próxima vez, recorro ao laxante.
Humpf!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Dias partidos

O dia refletiu minha penumbra,
e porque eu parto
de mim
- e em mim -
todos os dias,

minhas causas
amanhecem e anoitecem
e eu sempre volto
a ver o sol.

(foto de Sílvia Fernandes - vista da janela de minha sala)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Eu, por Manuel Bandeira


Não estou me achando, mas é que estou lendo a obra dele e aí, bom, e aí resolvi postar, haha.


terça-feira, 16 de setembro de 2008

Feira do Livro de POA

Charles Kiefer foi escolhido para Patrono da Feira do Livro de Porto Alegre deste ano. O anúncio foi hoje pela manhã.

Que seja uma ótima Feira do Livro pra todos nós!

A propósito, anotem em suas agendinhas: dia 11/11 apresentarei meu trabalho sobre as Oficinas Literárias no ENOL - Encontro Nacional de Oficinas Literárias, dentro da Feira do Livro. Nesse mesmo dia, autografarei o 104 que contam.

E que comecem a rufar os tambores!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Nas bandas do Rio da Prata

No Jornal argentino "La Razón", edição de domingo, 07/09/2008, li uma matéria em que se noticiava que a Argentina será o País homenageado da Feira do Livro de Frankfurt de 2010.
O governo argentino, por sua vez, anunciava os nomes dos representantes e/ou símbolos argentinos para a Feira: Maradona, Che, Evita e Gardel.

Pelo amor de Deus, Feira do LIVRO, cadê o escritor representante do País???

A reportagem tratava exatamente disso: escritores, dentre eles Mempo Giardinelli, reivindicavam que fossem, pelo menos incluídos na lista do Governo, os verdadeiros representantes da LITERATURA argentina - Borges, Cortázar, Pizarnik (que citei aqui há dois posts atrás), dentre outros.

Pelo visto, não é só o país do carnaval e do futebol que dá mais importância a quem tem mídia e deixa de lado quem tem conteúdo.

É o fim da picada mesmo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Fim de tarde

Tá, daí terminou a semana. E daí que eu recebi uma visita que me deixou triste, uma mensagem que me deixou revoltada. E daí que eu não falei tudo o que eu queria pra quem eu queria. E daí que eu fiquei com vontade de chorar.

Mas daí me lembrei que vou a uma peça de teatro daqui a uma hora!

E daí pras coisas ruins, né?

Sacode a poeira e vai, minha filha. Que a vida é feita de idas. As voltas são apenas um movimento, por vezes, necessário.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Alejandra Pizarnik

Pizarnik é uma poeta argentina, não tão conhecida por aqui. Pois meu irmão, que voltou de Buenos Aires ontem, atendeu muito mais do que um simples pedido que eu fizera: em vez de me trazer um dos seus livros, trouxe-me prosa e poesia completa!!!

Para quem não conhece e, especialmente, para quem me fez conhecê-la, deixo um de seus poemas:

CENIZAS

Hemos dicho palabras,
palabras para despertar muertos,
palabras para hacer un fuego,
palabras donde poder sentarnos
y sonreír.

Hemos creado el sermón
del pájaro y del mar,
el sermón del agua,
el sermón del amor.

Nos hemos arrodillado
y adorado frases extensas
como el suspiro de la estrella,
frases como olas
frases con alas.

Hemos inventado nuevos nombres
para el vino y para la risa,
para las miradas y sus terribles
caminos.

Yo ahora estoy sola
-como la avara delirante
sobre su montaña de oro-
arrojando palabras hacia el cielo,
pero yo estoy sola
y no puedo decirle a mi amado
aquellas palabras por las que vivo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Joseph Conrad por Teresa

Na Revista do CEKAW (Centro de Estudos Karol Wojtyla) de agosto, foi publicado artigo de minha autoria sobre o autor Joseph Conrad.

Acessem!

www.cekaw.org

Meus agradecimentos especiais à Lisiane V., minha querida amiga, por ter me aberto essa porta! Espero ter feito um trabalho à altura!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Como nossos pais

Eu tinha seis anos quando a minha mãe me mandou ao armazém comprar uma coca-cola, que, naquela época, era vendida a litro, em garrafa de vidro. O casco era trocado na nova compra.

A recomendação que ela me fez foi expressa: "leva a garrafa vazia numa sacola de supermercado! (que naquele tempo não era de plástico, era de pano, resistente e ecológica). Tu podes cair e te 'lastimar' (no seu bom espanhol)". Eu, me achando a maioral, recusei. "Pode deixar que levo a garrafa na mão". E lá me fui pela rua de paralelepípedo...

Chegando a uma quadra do armazém, plaft, tropecei numa pedra e me arrebentei no chão. O casco se partiu. Fui salva por uma vizinha que, compadecida de meus gritos: "não conta pra minha mãe que ela me mata! não conta!" me arranjou uma garrafa vazia, foi comigo até o armazém e me entregou no portão da minha casa sã e salva. É claro que minha mãe ficou sabendo do fato, mas apenas sorriu, sabendo que, de qualquer forma, eu havia aprendido alguma coisa.

Num outro dia:

- Podes ir ao armazém pra mim? A comida está atrasada! Traz um pacote de lentilha e duas cebolas, por favor. Ah, e cuida pra descer as escadas! É muito escorregadio, podes te 'lastimar'! Cuidado!

A minha mãe tinha sessenta e seis anos quando foi ao armazém para mim, comprar lentilhas. Levou meu filho pela mão. Não caiu na escada. Não recusou minhas recomendações, porque sabia muito bem que faziam sentido. Voltaram os dois, ela com uma sacola na mão, e ele com um pirulito na boca.

Na verdade, nós não crescemos, simplesmente. Aprendemos a ser pais. E nossos pais, pela primeira vez, aprendem a ser filhos. Filhos conscientes de que os conselhos que nós ecoamos, valem para alguma coisa.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ensaios

Ensaio sobre a distância


“... espero que a gente se encontre logo, nas nuvens, ou no chão, ou no mar, em algum lugar...”


Ensaio sobre o esquecimento


Acabam

os sentimentos

não por falta de sentir

mas por sobra de esquecer...


... o que já se sentiu.


Ensaio sobre o futuro


(na primeira pessoa do plural)


Os laços se desatarão

Por falta de

NÓS.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Cacos de vidro de taças quebradas sempre aparecem onde menos se espera: embaixo do tapete, no cantinho da porta, sob o armário da cozinha, ou, até mesmo, dentro do seu sapato!

Cacos de sentimentos rotos podem ser tão cortantes quanto os da taça que quebrei ontem. E também costumam aparecer onde menos se espera.

Para ambos os casos, recomenda-se:

balde, água e faxina.

Sobre mim

Ando com a pulga...

Ando
com a pulga
atrás das letras
com as palavras presas
escapando por teresas.

Márcio Davie Claudino

http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/default.php?reg=16&p_secao=57

Poema que circulou nos ônibus de Porto Alegre, em 2007.
(Obrigada, Clarice, pela descoberta...)

Por falar em poema no ônibus, eu me inscrevi no Concurso "Poemas no Ônibus de POA", deste ano... Torçam por mim!!!




terça-feira, 2 de setembro de 2008

Arde

Lá pelos meus quinze anos, o passatempo predileto da gurizada à minha volta era entrar de penetra nas festas das minhas amigas. Todos, mais ou menos na mesma faixa etária, tinham como principal evento social as festas de quinze anos das colegas, inclusive eu.


Depois, o tempo foi passando e aí eu comecei a ir a festas de casamento. Recebia convite para ser madrinha, ficava pensando nos vestidos que usaria, nos presentes que daria. Atualmente, estou na fase das festas de aniversário de um aninho. Não tentem calcular a minha idade. Mas é fato que, conforme o tempo vai passando, os eventos sociais também vão se transformando. E isso começa a ficar preocupante quando a gente começa a ir aos velórios.


Bem, constatado o fato, fica a pergunta: quantas histórias, quantas fases da vida são possíveis de narrar a partir de um álbum de fotografias? Vocês poderiam responder: depende da fase da vida em que ele foi tirado. Ou há quanto tempo foi isso. Se é uma festa recente de quinze anos, pode ser que as histórias sejam restritas: no máximo, a aniversariante conta uma avó falecida, uma tia que viajou pra longe. Já do álbum de uma festa de bodas de ouro, já daria pra contar bastantes histórias.


Meu filho fez um aninho em abril. Só se passaram cinco meses. Não haveria praticamente nada de novo pra se contar, afinal, se passaram apenas cinco meses! A lógica, entretanto, não funcionou, nesse caso.


Naquele álbum do Ursinho Pooh, estava uma amiga e seu filho, que morreram num trágico acidente de carro. Um casal, que olhava sorridente para a câmera, hoje tem os olhos cegos de ódio um pelo outro. Uma menina, que chutava a barriga de sua mãe, já enche a casa com seu chorinho de recém nascida.


A vida arde e não tem explicação, disse o cantor.


E eu assino embaixo.