quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Aquarela

Em dias nublados, fico meio cinzenta.

Mas, repare,

o cinza é uma cor
tão bonita quanto as outras.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Lição sobre concordância

Depois da lição sobre lógica e sufixos, esta foi a segunda lição protagonizada pelo Sr. Augusto:

- Filho, então vamos rezar antes de dormir. Agora tu diz: Papai do céu, obrigado por tudo...
- Papai do céu, obigado por tudo...
- Me protege...
- Me potege...
- Protege a minha família...
- Potege a minha família e o meu famílio...
- Não, filho, é só família.
- Ué, não, tu é minha família e o papai é meu famílio, ora, ele é menino!

Já era muito tarde, os olhinhos dele já estavam quase desabando.

- Tá bom, filho, amanhã a mãe te explica direitinho.
- Potege a minha família e o meu famílio. Amém!

E todos nós dormimos protegidos e com os anjinhos.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Desfile

Na passarela da minha insônia, desfilou minha agenda, personificada com braços e pernas gigantes, prontas para me engolir; passou também o meu cachorro; a tia que faz café no meu serviço; o personagem de um conto, que assassinou um dente-de-leão; com muito rebolado passou o meu celular, gritando "atenda! atenda"; passou a minha amiga, a quem estou devendo uma visita; minha mãe, me dizendo para levar guarda-chuva; desfilou cabisbaixo o sapato que deixei para consertar no sapateiro, argumentando que estava se sentindo só em meio a tantos pares; o professor de arte passou também, mas estava sem óculos; os meus tênis novos estavam se exibindo, com a língua de fora; a viagem que programei passou dentro de um avião; a boneca Pucca que tenho sobre o meu computador empacou na entrada do desfile, alegando dor-de-cabeça; o Gato Renato miou antes de dizer tchau; o meu filho gemeu e meu marido roncou; o meu extrato do banco passou fazendo "bú"; a minha manicure passou me xingando, porque há tempos não apareço lá; você, você e você também! desfilaram com graça; e, ao final de tudo isso, as horas passaram, trazendo consigo o sono, que era quem ou o que eu mais queria ter nesse momento.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Mania de correção

Eu liguei para a Floricultura e pedi que mandassem um buquê de flores à minha mãe, por ocasião de seu aniversário. Também pedi que escrevessem um cartãozinho indicando os remetentes e um simples "Feliz Aniversário".
Domingo, fui à casa dela e, ao ver o buquê de flores, peguei o cartãozinho. Lá, estava escrito o seguinte:

"Feliz aniverssario. Cezar, Tereza e Algusto."

Aí, falei pra minha mãe:

- Bah, mãe, tu viu só? Em cinco palavras do cartão, quatro estão erradas! Que horror!

E ela:

- Ah, nem tinha percebido, quando eu vi os nomes de quem tinha mandado fiquei tão contente que nem reparei nos erros!

(Depois de ouvir isso, concluí que às vezes eu sou muito, mas muito idiota.)