A gente nunca sabe quando vai ser a última vez.
Todos os dias, às sete horas da noite, quando saio aqui da Câmara, o tio do táxi leva o pessoal que sai até a parada do ônibus. Ele foi contratado pela Associação dos Funcionários da Câmara para fazer o serviço, porque o trajeto a pé é longo e perigoso nesse horário.
Todos os dias, às sete horas da noite, eu ouço a Rádio Gaúcha no táxi dele. Todos os dias dou muitas risadas com seu bom-humor.
Anteontem ele foi me contando que ontem (quinta) ele teria uma audiência no Fórum e que não nos levaria. Hoje (sexta) voltaria tudo normal.
Não voltou.
Cheguei ao serviço agora há pouco e me disseram que o Tio do táxi faleceu. Um infarto fulminante cessou-lhe a vida.
E eu estou aqui, pasma.
Nessas horas a gente lembra daqueles expressões que nos parecem tão idiotas: era a hora, não somos nada, você tem de dizer para as pessoas o quanto gosta delas, pois nunca sabe quando será a última vez.
Tio JB, dirija seu táxi até o infinito. Nós sentiremos sua falta, quando o relógio soar às sete horas, anunciando o fim do expediente.
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