quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Bolo de Aniversário

Ele a convidara para a sua festa de aniversário, mas era um convite daqueles, só para constar, "impossível você ir", pensou. Algo como quando a gente compra um chocolate e oferece: "você não quer um pedaço?" Já está sugerindo que não, ora essa, chocolate é coisa que não se oferece. Ou não deveria, pelo menos.

Bom, o fato é que o chocolate foi oferecido. "Vai lá, haha, Bar do João em Ipanema, você sabe onde fica? Às 9 horas." "Tá, até lá, então". O que faria alguém acreditar que ela iria? Nada, caramba, eram infindáveis as impossibilidades e as improbabilidades e outros "ins" por aí. Muitos quilômetros de distância, via terrestre, aérea ou marítima. Sem chance. O "até lá" com cara de ironia nem mesmo chegou a ficar martelando na cabeça dele, que inutilidade.

Quinta de noite, todo mundo arrumadinho, contando as histórias de quinta, mas a cerveja não era de quinta não, que o pessoal gostava daquela marca que tem o nome de quem gosta de viver de noite. Estava meio frio, aquilo não era clima de mês de primavera não! E ele sequer olhou para o lado para ver se ela estaria. Ela não estava mesmo. Ele ficou lá, curtiu sua noite, recebeu os parabéns e ficou se perguntando por que sempre, em qualquer bar, restaurante ou pizzaria, todos que estão naquele lugar cantam "nesta data querida", se nem mesmo conhecem o fulano a quem se está homenageando. "Deve ser histeria coletiva", que todo mundo é mesmo meio doente. E maluco.

E lá se foi a noite, e não veio ninguém importante que tenha sido citado no início desta história. Não houve bilhetinho secreto enviado pelo garçom, dizendo que ela esperava na sala ao lado (pra que sua namorada não soubesse!), nem mesmo ela apareceu de supresa na mesa, dizendo que era uma ex-colega de faculdade e esperando uma cara de assombro dele. Também não havia ninguém na porta da saída, à espreita, nem mesmo na esquina.

Na verdade, ela está em casa, com a testa sobre as teclas do computador, chorando, porque o maldito do táxi fora assaltado naquele fim de tarde, o que a impediu de pegar o avião, que ia deixá-la no aeroporto, pra depois ir pra um tal de Bar do João, em Ipanema, pra escrever um bilhetinho, pra esperar na esquina ou pra aparecer de surpresa na mesa. Qualquer um desses planos que ela tinha bolado.

E alguém, ainda que não deva, ofereça um chocolate pra essa mulher, pelo amor de deus, porque chocolate, dizem, ajuda a acalmar.

Um comentário:

Anônimo disse...

adorei!
bjs,lisi