Em noites mal dormidas
fico à espreita,
esperando o monstro surgir debaixo da cama.
Escuto um estalo no teto,
o cachorro uiva na rua e
eu aperto os olhos e espero...
Espero...
Espero...
Enquanto pressinto a mão maldita,
o rugido,
o assovio
Fico a pensar em cada leão que enfrentei durante o dia
e nos fantasmas que vão e voltam
e nos planos que não se materializam
e nas mãos trêmulas
e na garganta seca
e no nó das minhas ideias.
Passam-se muitas horas
e eu levanto-me, espreitando o monstro.
Ligo a luz
Olho no espelho
E não me reconheço.
O monstro sou eu.
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