quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Dia do professor

Hoje é Dia do Professor. E, embora não exerça (por enquanto) a profissão, tenho dois diplomas que me credenciam a receber os parabéns! :D

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Enquanto eu olhava pela janela do ônibus, cansada de ver as letras do livro que eu tinha no colo tremilicando em frente a meus olhos, comecei a ouvir um choro. Há muito tempo não ouvia choro tão doído, desesperado.

Olhei para trás e vi uma menina de uns oito anos, mochila nas costas, segurada à barra do assento ao fundo. Chorava e avermelhava, olhando para os lados. O desespero que demonstrava aumentava à medida que o ônibus acelerava e que ela não encontrava nenhum rosto conhecido a socorrê-la.

Fui até ela e, com aquele jeito de mãe que aprendi a ter, segurei-lhe o ombrinho e perguntei-lhe:

- Que foi?

Ela, elevando as lágrimas até a linha de meus olhos, disse:

- O ônibus não parou na minha escola, está tudo vazio!

Entendi a súplica e, imediatamente, acionei a campainha. Não havia aula na escola hoje, já que era feriado do dia do professor. E a menina, desavisada, embarcou sozinha no ônibus e não tinha como voltar para casa.

O motorista parou a condução. E, por dez segundos, todos ficamos ali, inertes, olhando o rosto inchado da menina e não sabendo o que fazer com ela. Resolvi perguntar se ela sabia o telefone da sua mãe. Entre engasgos, ela conseguiu ditar-me o número.

Conversei com a mãe daquela menina, explicando-lhe o ocorrido. O impasse com que nos deparamos é que nós tínhamos que seguir viagem, tínhamos horários a cumprir, mas, ao mesmo tempo não podíamos deixar aquela garotinha ali, sozinha. Então, antes mesmo de eu terminar a sugestão, todos concordaram: vamos levar a menina até a escola, onde estaria esperando uma kombi escolar que, a pedido de sua mãe, a levaria até sua casa.

E assim, fizemos o caminho reverso. No horário em que estávamos acostumados a ir, voltávamos. Chegamos todos atrasados ao trabalho, tivemos que dar explicações aos nossos chefes, mas fomos unânimes em ajudar. O que me surpreendeu, de certa forma, porque estamos acostumados a ver sempre alguém que reclama, mau-humorado.

É possível ainda acreditar nas pessoas.

A menina deve estar, a esta hora, brincando de professora e dando a aula que não teve, para a sua boneca preferida.

2 comentários:

Manooster disse...

Humanidade, algo que grita lá bem fundo de nossos corações. Somente algo tão dilacerante quanto o rosto de uma criança chorando, para nos fazer repensar nossas atitudes.. E a paz de espírito resultante, além de ser a maior das virtudes, é de longe também a maior e mais cobiçada riqueza!

Um beijão do teu mano!

Lisiane V disse...

Temos que acreditar nas pessoas certas, afinal, tem gente que não merece e nem quer, azar o deles.
Parabéns teu (nosso) dia, e com essa ação tão bonita que tu passou, auxiliando alguém, também merece parabéns, afinal, nunca duvidaria que tu fizesse diferente! beijão!