segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

A nuvenzinha

Um dia veio a nuvenzinha
Era tão lindo vê-la!
Passeando sobre o teu telhado...
Ficavas na janela a adivinhar-lhe
Os formatos
Peixe-bagre, centopéia, um leitãozinho!
E o que mais?

Ela gostava do teu céu
Ficava horas a desfilar, palhacinha
Transformando-se conforme teu sorriso
Espelhando a tua alegria
Naquele branco imenso, de pele feita
De água e ar

Mas um dia ela escureceu
E choveu, choveu
Juntava os baldes d’água e
Chuá! Chuá!
Tu não mais aparecias,
Ela desmanchava-se ainda mais

Se realmente te importasses...
Ah, se te importasses!
Correrias a fechar a janela da tua casa
Teus passos estralariam o piso, apressados
E da janela lhe dirias:
- Não chove, nuvenzinha,
Não estraga o meu carnaval!
Que eu não quero o sol a tostar-me a pele
Mas também não quero chuva
Pra desandar minha fantasia...

Mas não, não se ouvia nada
Só o vazio da casa,
A janela aberta e a água entrando.

E de tanto chover,
Ficou a nuvenzinha tão leve
Que foi arrastada pelo vento
- Não fica mais aí!, dizia-lhe o sopro
E ela foi, cinza, triste
Se foi, se foi

E quando chegaste à janela
Viste o sol, nada mais
A nuvenzinha tinha ido embora
Deixando como marca
Apenas algumas gotas
Na vidraça dos teus olhos.

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