quinta-feira, 27 de março de 2008

Chove
Tão torrencialmente!
As gotas estralam sobre o teto dos carros no pátio

Eu fiquei lembrando dos dedos escorregando na nuca
Tomei um gole de coca-cola gelada
Gota gelada, garganta

Eu tenho muitas coisas a dizer
Não disse
Verbos condenados a muitos anos de cárcere

Os manifestantes não se manifestaram também
Estariam eles adivinhando minha prisão?
Preso, presos,
presa
que o selvagem atacou

Chove
Tão torrencialmente!
Deixei o vidro da janela bater e se partir

Melhor mesmo dar a volta
Retornar ao aquário
De ver, ouvir
E não sentir.

terça-feira, 25 de março de 2008

Confesso
Ana Carolina
Composição: Ana Carolina e Totonho Villeroy

Confesso acordei achando tudo indiferente
Verdade acabei sentindo cada dia igual
Quem sabe isso passa sendo eu tão inconstante
Quem sabe o amor tenha chegado ao final

Não vou dizer que tudo é banalidade
Ainda há surpresas mas eu sempre quero mais
É mesmo exagero ou vaidade
Eu não te dou sossego, eu não me deixo em paz

(Refrão)
Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás
Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz
Não vou roubar teu tempo eu já roubei demais

(Estribilho)
Tanta coisa foi acumulando em nossa vida
Eu fui sentindo falta de um vão pra me esconder
Aos poucos fui ficando mesmo sem saída
Perder o vazio é empobrecer

Não vou querer ser o dono da verdade
Também tenho saudade mas já são quatro e tal
Talvez eu passe um tempo longe da cidade
Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais

(Refrão)
Aaaaaah...

Não vou querer ser o dono da verdade
Também tenho saudade mas já são quatro e tal
Talvez eu passe um tempo longe da cidade
Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais
(Refrão)

segunda-feira, 24 de março de 2008

Saudades

De alguém que amava ir à praia
que não vivia sem chocolate
que sentiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaaaa, muito, com muitas repetições de vogais e muitas intensidade
que não passava um dia sem ler alguma coisa
que chorava de tristeza
que sorria por bobagem
que tinha sonhos irrealizáveis
que tinha esperança de realizá-los
que se espantava com os absurdos que via
que não conseguia ser racional numa briga e que chorava sem conseguir explicar nada

Linearidade é algo terrível
Indiferença também
Na mesma linha, o conformismo
E, por fim, uma imensa tristeza tomando conta da voz, dos dedos, do corpo e da mente...

segunda-feira, 17 de março de 2008


Como é bom, como é bom falar tudo o que estava entalado na garganta, sem chorar, sem se enervar, sem perder a razão.


Missão cumprida!


***


Teresa estava nervosa e foi pescar... Nada melhor para finalizar o finde com efeitos de Lexotan!


quarta-feira, 5 de março de 2008

Palmas para o espetáculo circense!

1º episódio

O palhaço anunciou que ia botar pra fora do picadeiro o anão, seu ajudante, a pontapés.
Chegou na hora do espetáculo, o palhaço olhou para o anão, fez uma cara de espanto e disse: vou embora!

(palmas!)

2º episódio

O mágico disse que ia consumir com toda a sujeira do picadeiro num simples abracadabra. Ao terminar o número, nem percebeu que a sujeira estava toda pendurada na cauda de sua casaca.

(palmas!)

3º episódio

A domadora de leões estava numa jaula fazendo a sua vez com o rei da selva. Levou um susto quando, atrás de si, surgiu um gatinho miando. Chutou-o para longe, alegando que não conversava com bichanos.

(palmas!)

4º episódio

A dona do circo disse que não ia se preocupar com mais ninguém, porque estava surda de um ouvido. Alguém entendeu alguma coisa?

(palmas!)

5º episódio

Um neném caiu da arquibancada.

(ohhhhhhhhh)

6º episódio

A equilibrista, vendo todos os acontecimentos lá de cima, ligou o f*-se.
- Desce, equilibrista!
- F*-se.
- Vai, equilibrista!
- F*-se.

(palmas?)

E mais um espetáculo sem graça chega ao fim.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Descaminhos

Eu quis concertar palavras para explicar por onde ando, muda há tanto tempo.
Desafinei.

Tentei começar

Um trabalho
Uma homenagem
Uma cicatriz no pulso

(Cadê o diapasão?)

Férias na lagoa
Vida descoberta (e despida)
Rumo incerto

(Cadê o diapasão?)

Nada adianta.
Estive por aí, muda.
Agora volto, escrita.

É o que importa, numa escala de dó.
(é de dar dó)