segunda-feira, 16 de março de 2009

Primeira briga

- Raios!

Tão intempestiva quanto o fenômeno,
foi a interjeição
que você trovoou.

E eu tive medo de você
tão de repente!
Que fiquei a olhar o seu rosto
em três pontos

reticentes...


Teresa Azambuya

terça-feira, 10 de março de 2009

Ajoelhou, tem que rezar

Hoje caí de joelhos, ao descer do ônibus com o Augusto no colo. Literalmente, os dois joelhos no chão, completamente prostrada. Mas o Augusto, ah, ele eu segurei firme no meu colo: do mesmo jeitinho que ele estava antes de eu cair, ele ficou. Instinto de mãe...

Meu joelhos dóem, tenho dois enormes curativos (é, foi feia a coisa, machuquei pra valer), estou linda de vestido e de "joelheira", mas, enfim, a vida tem dessas coisas. O importante é que ele não se machucou, só levou um sustinho e disse:

- Mamãe caiu de joelho!

Agora só falta a oração.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Monotonia




Daqui do alto
vejo imóveis
as copas das árvores.

Não há vento em mim.

Às vezes se agita um galho
voa desvairado um pensamento

Os meus pássaros se vão
A árvore segue inerte
E eu enterro minhas raízes.

Teresa Azambuya

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Samba do chinelo

- Bota chinelo, mamãe! Bota! O chinelo do Gugu!
- Tá, filho, mas só no meu dedão vai caber esse teu chinelinho nº 23.
- Bota chinelo, papai! Bota! O chinelo da mamãe!
- Tá, filho, tá.
- Mamãe! Mamãaaaaaaaaaaaae! Arruma o chinelo do papai, no pé do Gugu!

E assim, nós três sambamos em círculos, de chinelos trocados, até cairmos de tanto rir.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Pecado

O Fabrício Carpinejar perguntou-me, certa vez, se eu não sentia como se tivesse cometido um pecado cada vez que publico algum texto. Na época, respondi que não, mas hoje já penso bem diferente.

Saiu na edição de ontem (19/02) do Correio de Gravataí, um artigo meu sobre leitura (pág.6). Pois cada vez que encontro alguém no corredor, dizendo que leu o tal do texto, sinto uma vontade premente de pedir perdão.

Existe alguma forma de purificação?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Como diria o Augusto:

MEDO!


(o bom é que quando se é criança, o medo é do trovão, do avião, do barulho do liquidificador. Ruim é quando o medo é do que não se conhece)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Poema redentor

Entre a falta de idéias
e o desespero de escrever
nasce este poema
assim, sem motivo
um poema sobre o nada
que já redimiu
um dia

Pelo menos um.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Esperança

Azar pouco é bobagem.

Ainda bem que a meia noite sempre chega.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Previsibilidade e circularidade

Faço uma correspondência ao pressuposto da previsibilidade, querido Manu. Se é verdade que o ser humano é previsível, é verdade que todas nossas ações compõem sempre movimentos circulares. Tradução perfeita para isso é esta música que adoro e cuja história é muito bonita:

Todo Se Transforma
Jorge Drexler
Composição: Indisponível

Tu beso se hizo calor,
Luego el calor, movimiento,
Luego gota de sudor
Que se hizo vapor, luego viento
Que en un rincón de la rioja
Movió el aspa de un molino
Mientras se pisaba el vino
Que bebió tu boca roja.

Tu boca roja en la mía,
La copa que gira en mi mano,
Y mientras el vino caía
Supe que de algún lejano
Rincón de otra galaxia,
El amor que me darías,
Transformado, volvería
Un día a darte las gracias.

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

El vino que pagué yo,
Con aquel euro italiano
Que había estado en un vagón
Antes de estar en mi mano,
Y antes de eso en torino,
Y antes de torino, en prato,
Donde hicieron mi zapato
Sobre el que caería el vino.

Zapato que en unas horas
Buscaré bajo tu cama
Con las luces de la aurora,
Junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
En salvador de bahía,
Donde a otro diste el amor
Que hoy yo te devolvería

Cada uno da lo que recibe
Y luego recibe lo que da,
Nada es más simple,
No hay otra norma:
Nada se pierde,
Todo se transforma.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Pesadelos

Eu era personagem de um filme, que procurava incessantemente o assassino de alguém. Queria puni-lo, severamente, por seu crime. Quando, finalmente, o encontrei, peguei minha gilete do bolso e assassinei a giletadas três pessoas que assistiam à cena.
Nesse exato momento, descobri que estava grávida de quatro meses.

A criança mexia-se em minha barriga, de uma forma descomunal, horrenda, um ensaio para alien, e eu me queixava de muitas dores. Corri para o hospital, numa tentativa de redenção, e lá me arrancaram a criança. Saí aliviada, mas sem ninguém nos braços.

Na porta do hospital, encontrei uma amiga e resolvi passar o resto do dia com ela. Fizemos muitas compras juntas, tomamos sorvete de laranja e jogamos conversa fora. Ao chegar em casa, olhei no calendário e vi que era 31 de dezembro, data do aniversário dela. Eu havia me esquecido completamente. Então, corri ao computador, e busquei desesperadamente uma loja que entregasse cestas de presentes, café da manhã ou algo do tipo, para que eu pudesse me redimir. O único que consegui encontrar foi o anúncio de um enterro, de duas pessoas conhecidas.

Sôfrega, corri ao cemitério. Quando lá cheguei, já estavam simulando o enterro de uma das pessoas. Simulando? Sim, simulando. No caixão, havia um senhor muito velhinho, parecido com o Chacrinha, que fez de conta que havia morrido, para representar o seu amigo morto que não podia estar ali no momento. A outra pessoa que havia morrido era uma amiga minha que faleceu num acidente de trânsito há uns dez meses. Ela havia morrido pela segunda vez. E seria enterrada novamente. O meu último comentário foi:
- Desta vez, pelo menos ela está bem menos inchada.

Acordei.

E agradeci, feliz, pelo dia estar ensolarado.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Tétrico

No crepúsculo de um silente dia de outono, o assasino esfregou as mãos ensanguentadas na camisa imunda, sentando-se sobre a gosmenta vegetação que margeava o pântano. Revolveu na lembrança as cenas do crime e, atordoado, espantou-se ao ver surgir na superfíce obscura da água a silhueta de um monstro horrendo e sanguinário. Não teve como escapar: mergulhou na profundeza negra e densa do pântano e foi ao encontro de si mesmo.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Guerra

Viu
escombros
e fechou os olhos

Assombros.


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Eu

Posto porque ouvi e achei bonita. E sempre faz algum sentido pra alguém, dependendo do que a gente quiser ler na letra.

Ainda Gosto Dela

Skank

Composição: Samuel Rosa e Nando Reis

Hoje acordei sem lembrar
Se vivi ou se sonhei
Você aqui nesse lugar
Que eu ainda não deixei

Vou ficar?
Quanto tempo
Vou esperar
E eu não sei o que vou fazer, não

Nem precisei revelar
Sua foto não tirei
Como tirei pra dançar
Alguém que avistei

Tempo atrás
Esse tempo está
Lá trás
Eu não tenho mais o que fazer, não

E eu ainda gosto dela
Mas ela já não gosta tanto assim
A porta ainda está aberta
Mas da janela já não entra luz

E eu ainda penso nela
Mas ela já não pensa mais em mim
em mim não

Ainda vejo o luar
Refletido na areia
Aqui na frente desse mar
Sua boca eu beijei

Vou ficar
Só com ela eu
Quis ficar
E agora ela me deixou

E eu ainda gosto dela
Mas ela já não gosta tanto assim
A porta ainda está aberta
Mas da janela já não entra luz

E eu ainda penso nela
Mas ela já não pensa mais em mim
Eu vou deixar a porta aberta ( eu vou)
Pra que ela entre e traga a sua luz

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Retorno

Voltei

Depois de ver o mar,
de fazer castelos de areia,
de ser mãe em tempo integral.

Voltei

Depois de pensar na vida
de não encontrar nenhuma solução,
e de não achar isso tão ruim.

Voltei

Antes de que começasse o tédio
de que eu esquecesse o caminho
de que tirassem minha cadeira do lugar.

Voltei

Depois de viver tudo
Antes de morrer por nada
e no preciso momento em que
deveria.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Eu, minhas confusões e as palavras ao vento

Limpei a gaveta e coloquei no lixo o calendário de 2008. Isso me deu nos nervos.

É só um número, diriam os mais descrentes. Sim, é só um número. Amanhã, simplesmente por uma imposição gregoriana, nosso calendário recomeçará a contagem para o fim.

Na última noite do ano, ou pelo menos na última noite em que eu não iria esperar a meia-noite chegar, eu não consegui dormir. Tinha os olhos estalados no escuro e pensava em milhões de coisas que nem seria capaz de enumerar.

Meu último café da manhã do ano foi meio sanduíche de mortadela, dividido com minha colega que se lembrou de me trazer algo para comer, porque eu nunca trago.

A última manhã de trabalho do ano está sendo meio deprimente, vejo as pessoas esvaziando suas gavetas, dando abraços de despedida em mim, porque passaram quatro anos a serviço de um Vereador que não se reelegeu. Vão embora e me abraçam, mesmo sem ter me cumprimentado o ano inteiro. Firmamos um acordo tácito: eles pedem que eu esqueça sua desatenção, e eu fico com cara de pateta, sem saber o que dizer.

Amanhã era pra ser feriado e eu vou trabalhar. Já comprei vestido de gala para a cerimônia de posse dos Vereadores e da Prefeita.

Sexta-feira saio em férias e volto só no final de janeiro.

Eu lembrei que este foi um ano de grandes acontecimentos:

1. drama em família - parte 1
2. festa de aniversário de um ano do meu filhote
3. morte trágica de uma amiga e de seu filho
4. minha formatura (aleluias!)
5. drama em família - parte 2
6. lançamento do livro ANTOLÓGICOS
7. lançamento do livro 104 que contam
8. muitas participações na Feira do Livro de POA
9. portas fechadas na seleção para o Mestrado.

Analisando assim, superficialmente, 2008 começou mal e terminou mal. Mas eu não me importo. Porque, no final das contas, os fatos bons foram maioria. Conheci muita gente legal também.

E, bem, depois de tanto dizer, eu encerro solenemente dizendo

TCHAU.

P.S.: Bom ano-novo pra todo nós!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Assombro

Eu acho que já postei este poema, mas é tão pertinente.

Ando mal-assombrada. Já não consigo dormir à noite e tenho medo de escuro, de novo.

Assombros

Affonso Romano de Sant'Anna


Às vezes, pequenos grandes terremotos
ocorrem do lado esquerdo do meu peito.

Fora, não se dão conta os desatentos.

Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.

Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.

Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
em permanente assombro.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cecília

Em tempos de espírito natalino, festas, correrias de final de ano:


É preciso não esquecer nada

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

(Cecília Meireles)


Eu quero me esquecer.



segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Doutor

Tenho o coração

comprimido

Preciso de um

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O meu medo de subir na vida

Eu saí correndo do Plenário da Câmara, que fica no segundo andar, para subir até minha sala e pegar um documento, no quinto andar. Entro no elevador, olho o relógio e PUFF. O elevador pára.

Meu coração disparou, a tremedeira começou e eu fiquei gelada. Por mais que te digam que não vai faltar ar ali, foi a primeira impressão que eu tive, que ia ficar sem ar.

Bom, tremer não adiantava, desmaiar muito menos. E então, ao ouvir uma voz conhecida, chamei:

- Cris, é tu?
- Sou, daonde tá vindo essa voz?
- Chama alguém que eu estou trancada no elevador.
- Ah tá, não te preocupa que eu vou chamar. Vai dar tempo de tu curtir a festa de ano-novo.

Com amigos assim, a gente não esmorece, não é?

No final das contas, dois colegas abriram as portas do elevador com as mãos (como orientou a própria empresa) e me tiraram de lá sã e salva.

Ufa.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Repetindo a idéia inicial do post anterior,

a gente nunca sabe quando será a primeira vez, inclusive para uma frustração.

Eu nunca rodei na escola, nunca fiquei de recuperação, nem mesmo tirei uma nota vermelha em toda a minha vida. Passei nos dois vestibulares que fiz (UFRGS e UNISINOS), nunca tirei nota abaixo de oito na faculdade toda.

Aí, cheguei na seleção para o Mestrado e me disseram: NÃO!

Eu gostaria de saber os motivos, mas não divulgam.

Que seja. Vou refazer toda a minha lista de perspectivas para 2009, o que eu espero que seja bom.

E, como disse uma amiga: "Deixa estar, jacaré, que a lagoa há de secar e a gente ainda chega no topo da cadeia alimentar".

E era isso!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Tio do táxi

A gente nunca sabe quando vai ser a última vez.

Todos os dias, às sete horas da noite, quando saio aqui da Câmara, o tio do táxi leva o pessoal que sai até a parada do ônibus. Ele foi contratado pela Associação dos Funcionários da Câmara para fazer o serviço, porque o trajeto a pé é longo e perigoso nesse horário.

Todos os dias, às sete horas da noite, eu ouço a Rádio Gaúcha no táxi dele. Todos os dias dou muitas risadas com seu bom-humor.

Anteontem ele foi me contando que ontem (quinta) ele teria uma audiência no Fórum e que não nos levaria. Hoje (sexta) voltaria tudo normal.

Não voltou.

Cheguei ao serviço agora há pouco e me disseram que o Tio do táxi faleceu. Um infarto fulminante cessou-lhe a vida.

E eu estou aqui, pasma.

Nessas horas a gente lembra daqueles expressões que nos parecem tão idiotas: era a hora, não somos nada, você tem de dizer para as pessoas o quanto gosta delas, pois nunca sabe quando será a última vez.

Tio JB, dirija seu táxi até o infinito. Nós sentiremos sua falta, quando o relógio soar às sete horas, anunciando o fim do expediente.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Literatura: amores e horrores

Pessoal:

Eu e os autores de ANTOLÓGICOS inauguramos um blog, que tem a proposta de unir nossa vontade de ler e escrever.

O blog será atualizado semanalmente, sempre com um texto de um de nós acerca de um livro que lemos.

Não deixem de conferir e comentar!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Nem tudo é perfeito

Eu gosto de calor.

Chega dezembro e eu vivo espraguejando os quase 40 graus que me fazem ficar suada, com a pressão baixa e com os pés inchados.

Eu gosto de frio.

E aí chega o inverno e eu vivo espraguejando a montoeira de roupas, os ossos gelados, e a cartela de remédios para sinusite, gripe, febre e tudo o mais que vier.

***

Às vezes eu tenho certeza de tudo, de que tudo está bem. Às vezes sinto falta de algumas coisas. E fico me culpando por não estar satisfeita.

Nem tudo é perfeito mesmo.

Droga.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Autógrafos em Caxias do Sul


A sessão de autógrafos de ANTOLÓGICOS, na Livraria Do Arco da Velha, em Caxias do Sul, estava belíssima, bem movimentada, contemplada com um lindo dia de sol.

Não posso deixar de registrar a ilustre presença do meu fã número 1! Augusto! Que quase colocou a livraria abaixo, mas nos fez dar boas risadas... (né, Karen? Lembra dele tamborilando os dedos na mesa de vidro?)

Marcelo, estou te devendo uma! Pode me cobrar!

Parece-me que esta foi a última das sessões de autógrafos de nosso livro. DESTE livro. Agora, pessoal, temos que colocar a mão na massa. Ou no papel. Ou no teclado. Sei lá.

Aos que nos prestigiaram em qualquer uma das sessões, meu sincero agradecimento!

E agradeço especialmente ao César, pela companhia em tooooooodas as sessões.

Arrivederci!


sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ironia

No dia em que minha mãe foi à minha casa, querendo testar a eficiência do aparelho para surdez que recém colocara, eu estava afônica, por conta de uma gripe.

- Mãe, o aparelho funciona bem, eu é que não consigo falar, escrevi num papel.

Nós duas rimos.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Autores em língua espanhola

Romance sonámbulo


Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montana.
Con la sombra en la cintura
ella suena en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fria plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas la estan mirando
y ella no puede mirarlas.

Verde que te quiero verde.
Grandes estrellas de escarcha,
vienen con el pez de sombra
que abre camino del alba.
La higuera frota su viento
con la lija de sus ramas,
y el monte, gato garduno,
eriza sus pitas agrias.
Pero quien vendra? y por donde...?
Ella sigue en su baranda,
verde carne, pelo verde,
sonando la mar amarga.

(Poema de Federico García Lorca)



"Nunca a vi tão brincalhona como nessa manhã. E creio que nunca mais a veria. Não me lembrava dela tão natural, completamente solta, sem posar, sem inventar um papel, enquanto aspirava com prazer a tepidez da manhã e se deixava invadir pela luz que as copas dos salgueiros chorões peneiravam. Parecia mais novinha do que era, quase uma adolescente e não uma mulher beirando os 30 anos."

(Trecho de 'Travessuras de Menina Má', de Mario Vargas Llosa)


É o que estou lendo, atualmente.
Qualquer semelhança é mera coincidência.

ANTOLÓGICOS NA SERRA

Para quem quiser dar um passeio na serra, ofereço mais um motivo!

Sessão de autógrafos de ANTOLÓGICOS, em Caxias do Sul.
Dia 29 de novembro, às 10 horas, na Livraria Arco da Velha.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Oportunidades

Impossível recolher as palavras à boca, ou às teclas, depois que foram proferidas.

Impossível dizer, com o mesmo efeito, o que não foi dito na ocasião apropriada.

Impossível dormir tranqüilo depois disso tudo.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Eu passeeeeeeeeeei na prova para o Mestrado em Teoria Literária da PUC!

Sexta-feira, farei a segunda etapa da seleção, que é uma entrevista com os professores do Programa de Pós Graduação.

Torçam por mim!

Encontro


(estande da Editora Nova Prova, na Feira do Livro. Crédito da foto: Karen Drago)

Lindo de ver: os três livros que têm meu nome inscritos em sua capa, encontraram-se lá na segunda prateleira (de cima para baixo). Lado a lado, o que é mais espetacular ainda.

Obrigada, Karen, pelo achado.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Disco

Li um conto, ontem, que dizia:

O ser humano é uma espécie de disco arranhado. Sempre incide nos mesmos erros. (não sei se eram essas palavras exatamente, mas era essa a idéia)

E aí fiquei me perguntando se essa não seria a tradução para o título do meu blog. É, acho que sim.

A outra pergunta que fica é:

Não há, portanto, redenção?

Responda, quem puder.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"O amor é a única doença que cura.
A afirmação tem, no mínimo, três sentidos. E todos são válidos."

Disseram-me isso há algum tempo. E eu concordo plenamente.

Pena não ter percebido isso antes.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O não-lugar de escritores diplomados

Para ser escritor, é preciso ter talento. Inspiração, também, mas nem tanto. A escrita é um trabalho, um exercício que exige técnica, disposição, disciplina. Foi-se o tempo em que às musas era creditada a única origem possível da criação literária.

As Oficinas Literárias são protagonistas nesse novo contexto. Na Feira do Livro de Porto Alegre, em 2007, foi realizado o I ENOL – Encontro Nacional de Oficinas Literárias, que iniciou a discussão sobre a contribuição das Oficinas na iniciação de escritores. Este ano, o evento teve continuidade e eu tive a oportunidade de participar dele apresentando a pesquisa que desenvolvi acerca do papel das Oficinas Literárias na formação de autores contemporâneos.

A discussão, em suma, foi sobre o pioneirismo de Lígia Averbuck na realização de Oficinas e a velha questão da padronização de textos, que alguns ainda insistem em atribuir às oficinas.

O que me intrigou, no entanto, não foi nenhuma dessas questões debatidas, porque no próprio debate elas se resolveram. Fez-me repensar os espaços formais de criação literária aquilo que disse minha colega Karen, aluna do Curso de Formação de Escritores da Unisinos, ao sair do evento: "aqui havia pessoas de oficinas literárias e escritores independentes. E nós, três alunos do curso de Formação de Escritores. Não estamos em lugar algum! Temos a preparação e o conhecimento que os leigos não têm. Mas também não temos o aparato da Oficina."

Para contextualizar, preciso dizer que freqüentei, por um semestre, esse Curso de Formação de Escritores da Unisinos. Fiz uma disciplina que me ajudaria a entender um pouco do mercado editorial, um dos objetos de estudo desse trabalho de conclusão que referi no início do texto. O anseio geral da turma, que eu ouvia com muita curiosidade, pois eu pertencia ao curso de Letras, era: o que vou fazer com meu diploma?

Os alunos de Oficina Literária estão encontrando seu espaço, após muitos anos de luta, é verdade. Como foi mencionado no curso ontem, já criaram um mini-sistema literário: eles produzem seus textos; já há, em meio aos alunos, um rapaz que criou uma editora independente e que publica textos dos próprios colegas; e se cada um dos alunos for o consumidor desse trabalho, pronto, a cadeia se fecha.

Se é verdade que os alunos do Curso de Formação de Escritores estão em um não-lugar, querida Karen, é fato que algum espaço deve ser criado. E acredito que esse espaço somente poderá ser criado com criação literária, se me permitem a redundância. Os alunos de Oficina contavam apenas com o nome de um escritor famoso e sua vontade de escrever, aliada a algum talento. Estudaram, trabalharam e tornaram essa capacidade em resultado. Vocês têm um diploma. Os pesos são diferentes, vocês hão de me dizer. E eu respondo: sim, são. Se, por um lado, os alunos de Oficina contam com sua capacidade e com a ajuda do nome de outro (o ministrante) para poderem ingressar no mercado editorial, vocês contam com a capacidade própria, atestada pelo diploma. Estão sendo preparados para transitarem por diversos gêneros textuais, lírico, narrativo, dramático. Coisa que os alunos de Oficina não são. Vocês sabem as ferramentas das quais podem se utilizar. Conhecem a intimidade do mercado no qual vão entrar.

O diploma de escritor pode ser uma ilusão. Assim como ter o nome numa capa de livro apadrinhado por um grande escritor pode ser, da mesma forma. O que vai definir o lugar de cada um é o trabalho. Leiam muito, antes de tudo. E lancem-se à disciplina da escrita. Usem os recursos que vocês recebem na instrução formal a que assistem todos os dias. Tornem a literatura, a criação literária uma rotina. Porque os grandes escritores, as musas e a universidade só dão uma luz. O resultado, o lugar a ser encontrado, depende de cada um.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Realidade nem tão poética

Hoje, como tradicionalmente todos os dias ao meio-dia, o César e meu filho me acompanharam até a parada de ônibus, de onde venho para o trabalho.

Eu estava com um livro no colo, "Conceitos findamentais de poética", livro que estou lendo para a prova de seleção de Mestrado que prestarei amanhã, na PUC.

Enquanto meu filho pisava na grama e ensaiava as duas novas palavras que aprendeu: "que nojo!", eu rememorava alguns dos conceitos de poesia lírica, épica e dramática. Coisa chata, mas, enfim, necessária.

Foi quando parou um carroceiro, desses que juntam papel e garrafas pet vazias, e perguntou se nós tínhamos um cigarro. Respondi que não, e ele já puxou assunto com o César, perguntou quantos anos tinha meu guri, mostrou pra ele o "Toquinho", que era o fiel cão que o acompanhava na carroça. O homem estava visivelmente bêbado. Deixou a carroça estacionada no meio da rua.

Nisso, passou um carro vendendo "sonhos" caseiros. Buzinou freneticamente para que o carroceiro tirasse seu veículo do caminho. O homem, em vez de acatar, começou a gritar "filho da puta, filho da puta". O Augusto arregalou os olhos. E o carroceiro lhe disse: "Humpf, sonhos. Que palhaçada. Não sonha, viu, guri? É perda de tempo. Vai brincar, vai, mas não fica sonhando não.

E eu, com meu livro de poética no colo, fiquei me sentindo uma idiota. Uma perfeita idiota, eu diria.

Tá, ok, a gente não pode deixar de sonhar. Foi por isso que, ao subir no ônibus, abri meu livro e continuei estudando.

Mas, de vez em quando, dava uma espiadinha pela janela, que é pra não esquecer que existem vidas além da vida da gente. Vidas que não podemos ignorar. E nem fechar a cortina.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Meu aniversário!

Pois é, mais um aninho de vida, estou passando pro lado de lá da casa dos vinte, e vamos em frente!

Aos 26 anos, já sou casada, tenho um filho, um diploma, emprego fixo e tenho meu nome escrito na capa de três livros.

Falta-me plantar uma árvore e fazer a carteira de motorista. E algumas outras coisas, claro, que a gente nunca pode parar de sonhar.

Sinto saudades de algumas pessoas. Estou feliz por poder abraçar ainda tantas outras.
Feliz também por ter meus pais saudáveis e fortes.

E se nem a grama é perfeita (não é Karen e Andreia?), que suportemos as rosetas e que nossos pés nunca parem de nos levar.

As felicidades que me deseja quem me abraça, eu estendo pra todos!

Felicidades!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Festa à Fantasia


Yes, foi demais! Aí acima, os três aniversariantes.

Obrigada a todos os que fizeram a alegria da festa!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Hamlet foi morto por uma espada, mas não uma espada qualquer. Laertes havia posto veneno no fio. Hamlet morreu com um corte envenenado.

Palavras podem ser tão letais quando a espada que matou Hamlet.

Há aquelas palavras que apenas cortam. Outras, injetam veneno. E o veneno vai entrando na carne, imperceptível, e vai sufocando, sufocando.

Não tenho nem mais meia hora de vida.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Em contagem regressiva para novembro! Eu adoro esse mês

Antes de qualquer coisa, a Feira do Livro de Porto Alegre começa sexta-feira, dia 31/10.

EEEEEEEEEEEEEEE

A semana começou cedo. Os próximos dias serão fervorosos. Estou numa ansiedade do cão.

Mas vocês nem imaginam como eu adoro isso. O marasmo me intoxica.

01/11 - Festa à fantasia! Estão todos convidados. Será para comemorar o meu aniversário (que é no dia 04/11) e o da minha grande amiga Deby (que é no dia 31/10). Quem estiver por Gravataí ou quiser vir de onde for, me manda um recadinho que eu explico onde é.

ANTOLÓGICOS, vocês também estão convidados, viu???


04/11 - Meu niver!!!!!!!!!!!!!

07 E 08/11 - Prova de seleção para o Mestrado em Teoria da Literatura (ai, que nervos).

10/11 - Sessão de autógrafos 104 que contam, às 20 horas.
LOCAL: Memorial do RS

11/11 -
Apresentação do trabalho O papel das Oficinas Literárias na formação de autores contemporâneos, por Teresa Azambuya.
Encontro Nacional de Oficinas Literárias
Centro Cultural Érico Veríssimo, às 17 horas.

15/11 -
Sessão de autógrafos de Antológicos, às 14 horas.
LOCAL: Memorial do RS


E lá vou eu!!!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Lançamento 104 que contam

Foi lindo! Obrigada, Karen e Vivi, que me prestigiaram! E aos que não puderam, não esqueçam da Feira do Livro!


Ah, uma curiosidade: uma das autoras do livro, descobri ontem, foi minha professora de italiano!!!

A Feira do Livro de Porto Alegre inicia dia 31 de outubro.

Nos vemos lá!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

104 que contam

É amanhã o lançamento do mais novo livro do qual eu participo!


Espero ver vocês por lá!

E, para o ano que vem, quem sabe um livro próprio? Já está na hora...

Família de leitores

domingo, 19 de outubro de 2008

Domingo de sol




Ah, sol, vê se aparece mais vezes!

Autógrafos, literatura e futebol

Ontem, em São Leopoldo, os ANTOLÓGICOS autografaram sua obra na XXIII Feira do Livro.

É sempre bom reencontrar os amigos! Abraços pra todos vocês! E obrigada a todos os que nos prestigiaram!

Autografar é ótimo, né...


A sessão foi antecedida por um bate-papo sobre Literatura e Futebol, entre Fabrício Carpinejar (poeta), Mário Corso e Norton (psicanalistas) e Edson (antropólogo).


O evento foi agradável, mas tenho minhas opiniões divergentes em relação ao assunto e a algumas das considerações que eles fizeram. Ainda que os caras sejam uns figurões, vale sempre nosso posicionamento crítico.


O ponto pacífico em relação aotema foi: o maior esporte nacional não é o futebol. É falar sobre futebol. Seguido, é claro, de assistir às partidas.


E o exemplo eu tive hoje. Enquanto meu excelentíssimo assistia à final do Campeonato Mundial de Futebol de Salão, eu passei em frente à tv para pegar uma fralda para o Augusto. O que ele me disse? Nada. Ele simplesmente grunhiu pra mim, ou rosnou.

- rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

E eu fiquei de mau-humor o resto da tarde.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Sessão de autógrafos

Amanhã, em São Leopoldo, após palestra com Mário Corso e Fabrício Carpinejar, às 17 horas, estaremos autografando ANTOLÓGICOS!

Segue endereço da Biblioteca Municipal onde ocorrerá o evento:

Rua Oswaldo Aranha, 934 - Centro, São Leopoldo.

Espero vê-los por lá!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Eu e meu pai

Seu Álvaro, meu pai, fez as estantes da biblioteca de um poeta sem nem imaginar que um livro com o nome sua filha seria colocado lá.

Acessem a crônica em que Fabrício Carpinejar conta essa história, aqui.

Não deixem de ler!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Dia do professor

Hoje é Dia do Professor. E, embora não exerça (por enquanto) a profissão, tenho dois diplomas que me credenciam a receber os parabéns! :D

***

Enquanto eu olhava pela janela do ônibus, cansada de ver as letras do livro que eu tinha no colo tremilicando em frente a meus olhos, comecei a ouvir um choro. Há muito tempo não ouvia choro tão doído, desesperado.

Olhei para trás e vi uma menina de uns oito anos, mochila nas costas, segurada à barra do assento ao fundo. Chorava e avermelhava, olhando para os lados. O desespero que demonstrava aumentava à medida que o ônibus acelerava e que ela não encontrava nenhum rosto conhecido a socorrê-la.

Fui até ela e, com aquele jeito de mãe que aprendi a ter, segurei-lhe o ombrinho e perguntei-lhe:

- Que foi?

Ela, elevando as lágrimas até a linha de meus olhos, disse:

- O ônibus não parou na minha escola, está tudo vazio!

Entendi a súplica e, imediatamente, acionei a campainha. Não havia aula na escola hoje, já que era feriado do dia do professor. E a menina, desavisada, embarcou sozinha no ônibus e não tinha como voltar para casa.

O motorista parou a condução. E, por dez segundos, todos ficamos ali, inertes, olhando o rosto inchado da menina e não sabendo o que fazer com ela. Resolvi perguntar se ela sabia o telefone da sua mãe. Entre engasgos, ela conseguiu ditar-me o número.

Conversei com a mãe daquela menina, explicando-lhe o ocorrido. O impasse com que nos deparamos é que nós tínhamos que seguir viagem, tínhamos horários a cumprir, mas, ao mesmo tempo não podíamos deixar aquela garotinha ali, sozinha. Então, antes mesmo de eu terminar a sugestão, todos concordaram: vamos levar a menina até a escola, onde estaria esperando uma kombi escolar que, a pedido de sua mãe, a levaria até sua casa.

E assim, fizemos o caminho reverso. No horário em que estávamos acostumados a ir, voltávamos. Chegamos todos atrasados ao trabalho, tivemos que dar explicações aos nossos chefes, mas fomos unânimes em ajudar. O que me surpreendeu, de certa forma, porque estamos acostumados a ver sempre alguém que reclama, mau-humorado.

É possível ainda acreditar nas pessoas.

A menina deve estar, a esta hora, brincando de professora e dando a aula que não teve, para a sua boneca preferida.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Calendário

Pessoal, aí está o calendário de minhas atividades literárias para o mês de outubro:

Início do mês

Na Revista Crescer deste mês, Fabrício Carpinejar assina uam crônica em que relata uma história sobre mim e sobre meu pai. Já nas bancas!

Dia 18 de outubro, às 17 horas

Sessão de autógrafos de ANTOLÓGICOS, na Feira do Livro de São Leopoldo.

Dia 21 de outubro, às 19h30min

Lançamento e Sessão de autógrafos do 104 que contam, no Memorial do Rio Grande do Sul.



Prestigiem onde, como e quando puderem!

A vida é feita de escolhas.

Este não pretende ser um anúncio publicitário ou mais um chavão, daqueles tantos que a gente vê por aí, em livros de auto-ajuda ou naquelas mensagens .pps que todo mundo recebe. É uma reflexão pessoal.

Os postos que alcançamos, as pequenas glórias que conquistamos são, muitas vezes, invejadas pelas pessoas. Mas essas pessoas não sabem que pra eu estar lá, recebendo meu diploma, eu deixei de conviver com aqueles de quem eu gostava, em alguns momentos. Que pra eu ter um filho maravilhoso, eu passei pela pior dor da minha vida. Que pra eu estar lá, numa sessão de autógrafos, eu perdi horas de sono, fiquei até tarde com os olhos ardendo em frente ao computador. Que pra eu estar lá, no cargo de chefe no meu serviço, eu ralei pra caramba, levei trabalho pra casa e comi um sanduíche em vez de tirar uma hora pra almoçar num restaurante. (isso, claro, nas vias normais, ou pelo menos dignas).

Eu fiz muitas outras escolhas. Preteri pessoas muito caras a meu coração, deixei de agir quando, aos olhos dos outros, mover-me fosse imprescindível. Isso me trouxe sofrimento e, por outro lado, me fez ter um posto confortável, quem sabe esse mesmo que me disseram, o de "filha preferida".

Cada um sabe o que faz. Ou melhor, o que escolhe. E cada um sabe o preço que paga por isso.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Explicação

A autora deste blog está temporariamente indisponível.

Motivo: sucessivas moléstias que a acometeram desde o dia das eleições...

(É sério!)

Inté.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Alô, eleitores, o circo chegou

Dificilmente falo sobre política, ainda que esteja imersa todos os dias nesse meio. E exatamente por isso é que não dá pra falar, porque trabalho para a Câmara, para todos os Vereadores da Câmara, e aí demonstrar algum tipo de preferência pode me prejudicar e muito.

Bem, mas não dá para ficar quieta depois dessa. Gravataí city virou uma bagunça política.

Domingo, assisti ao debate dos candidatos a Prefeito: Bordignon, Jones, Edir e Sampaio. Quatro candidatos, cada um defendendo a proposta que julgava melhor para a cidade.
Na terça-feira, Bordignon foi cassado. Em seu lugar, ficou a candidata a vice, Rita Sanco.
Na sexta-feira, Edir renunciou. Quem votar nele, terá seu voto anulado.

Bom, e aí?

Aí que o eleitor é palhaço. Os camaradas passam três meses fazendo campanha política, dizendo: nossa proposta é melhor, nós vamos ampliar o pronto atendimento, nós vamos investir em educação, nós não sei o que. E aí, a dois dias das eleições, eles jogam a proposta pro alto, dane-se, vamos apoiar o que é interessante polticamente. Conchavos e conchavos. E o resto que se exploda.

E o povo? Ah, o povo vota. O povo é quem decide. Mas não sabe o que decidir, não sabe o que fazer, porque não se sabe nem mesmo quem são os reais candidatos. Não se sabe se amanhã ainda serão os mesmos.

Aí, questionei: não seria mais certo anular a eleição aqui? Pra fazer uma coisa organizada, decente, onde todos os eleitores tenham a informação correta?

Responderam-me: como é que vão anular a eleição? E o dinheiro que os candidatos já gastaram? Não pode!

O povo pagará quatro anos para que os candidatos não gastem mais do seu dinheirinho, oh, coitadinhos, conquistado com tanto "suor"...

É o fim. Eu sou uma eleitora revoltada. E deixa eu colocar o meu nariz de palhaço, que é assim que eu vou votar lá no domingo.



segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Desabafo de ordem prática

Se você está cansado de fofocas, seja o primeiro a não reproduzi-las.

Ditados populares e passagens bíblicas afins:

* O sujo falando do mal-lavado.
* "Como dirás a teu irmão: 'deixa-me tirar o cisco do teu olho', estando uma trave no teu?". (Mt 7, 3-5)

Sinceramente, há coisas que minha razão não entende e que minha boca não pode deixar de indagar.

***

Última semana antes das eleições!

Bem, as recomendações acima caem como uma luva...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Meu gauchinho

(com seu dindo Cláudio)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ambigüidades

Ela, Doutora em Literatura, fora convidada para dar aulas de literatura clássica aos médicos da Universidade Federal. Ao final de uma aula, foi abordada:

-Vamos tomar um café? Muito prazer, sou Dr. Artur, Cardiologista.

Conversa vai, conversa vem, depois do café foram ao teatro, depois do teatro ao restaurante e eis que as mãos se encontram, os lábios também, e surge o pedido de namoro.

Ela não deu a resposta imediatamente. Esperou para marcar uma consulta, a fim de testar quais efeitos teriam - fora dos livros - as ambigüidades que estava acostumada a estudar.

Ao entrar no consultório e, deparando-se com os olhos atônitos e surpresos do médico, apenas disse:

- Quero que você cuide do meu coração.

E ele, resoluto, sentenciou:

- Eu aceito, com a condição de que possa abri-lo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Para ladrões de margarina:


Colei o aviso no pote vazio e deixei-o na geladeira.
Vocês não acham justo?

Da próxima vez, recorro ao laxante.
Humpf!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Dias partidos

O dia refletiu minha penumbra,
e porque eu parto
de mim
- e em mim -
todos os dias,

minhas causas
amanhecem e anoitecem
e eu sempre volto
a ver o sol.

(foto de Sílvia Fernandes - vista da janela de minha sala)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Eu, por Manuel Bandeira


Não estou me achando, mas é que estou lendo a obra dele e aí, bom, e aí resolvi postar, haha.


terça-feira, 16 de setembro de 2008

Feira do Livro de POA

Charles Kiefer foi escolhido para Patrono da Feira do Livro de Porto Alegre deste ano. O anúncio foi hoje pela manhã.

Que seja uma ótima Feira do Livro pra todos nós!

A propósito, anotem em suas agendinhas: dia 11/11 apresentarei meu trabalho sobre as Oficinas Literárias no ENOL - Encontro Nacional de Oficinas Literárias, dentro da Feira do Livro. Nesse mesmo dia, autografarei o 104 que contam.

E que comecem a rufar os tambores!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Nas bandas do Rio da Prata

No Jornal argentino "La Razón", edição de domingo, 07/09/2008, li uma matéria em que se noticiava que a Argentina será o País homenageado da Feira do Livro de Frankfurt de 2010.
O governo argentino, por sua vez, anunciava os nomes dos representantes e/ou símbolos argentinos para a Feira: Maradona, Che, Evita e Gardel.

Pelo amor de Deus, Feira do LIVRO, cadê o escritor representante do País???

A reportagem tratava exatamente disso: escritores, dentre eles Mempo Giardinelli, reivindicavam que fossem, pelo menos incluídos na lista do Governo, os verdadeiros representantes da LITERATURA argentina - Borges, Cortázar, Pizarnik (que citei aqui há dois posts atrás), dentre outros.

Pelo visto, não é só o país do carnaval e do futebol que dá mais importância a quem tem mídia e deixa de lado quem tem conteúdo.

É o fim da picada mesmo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Fim de tarde

Tá, daí terminou a semana. E daí que eu recebi uma visita que me deixou triste, uma mensagem que me deixou revoltada. E daí que eu não falei tudo o que eu queria pra quem eu queria. E daí que eu fiquei com vontade de chorar.

Mas daí me lembrei que vou a uma peça de teatro daqui a uma hora!

E daí pras coisas ruins, né?

Sacode a poeira e vai, minha filha. Que a vida é feita de idas. As voltas são apenas um movimento, por vezes, necessário.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Alejandra Pizarnik

Pizarnik é uma poeta argentina, não tão conhecida por aqui. Pois meu irmão, que voltou de Buenos Aires ontem, atendeu muito mais do que um simples pedido que eu fizera: em vez de me trazer um dos seus livros, trouxe-me prosa e poesia completa!!!

Para quem não conhece e, especialmente, para quem me fez conhecê-la, deixo um de seus poemas:

CENIZAS

Hemos dicho palabras,
palabras para despertar muertos,
palabras para hacer un fuego,
palabras donde poder sentarnos
y sonreír.

Hemos creado el sermón
del pájaro y del mar,
el sermón del agua,
el sermón del amor.

Nos hemos arrodillado
y adorado frases extensas
como el suspiro de la estrella,
frases como olas
frases con alas.

Hemos inventado nuevos nombres
para el vino y para la risa,
para las miradas y sus terribles
caminos.

Yo ahora estoy sola
-como la avara delirante
sobre su montaña de oro-
arrojando palabras hacia el cielo,
pero yo estoy sola
y no puedo decirle a mi amado
aquellas palabras por las que vivo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Joseph Conrad por Teresa

Na Revista do CEKAW (Centro de Estudos Karol Wojtyla) de agosto, foi publicado artigo de minha autoria sobre o autor Joseph Conrad.

Acessem!

www.cekaw.org

Meus agradecimentos especiais à Lisiane V., minha querida amiga, por ter me aberto essa porta! Espero ter feito um trabalho à altura!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Como nossos pais

Eu tinha seis anos quando a minha mãe me mandou ao armazém comprar uma coca-cola, que, naquela época, era vendida a litro, em garrafa de vidro. O casco era trocado na nova compra.

A recomendação que ela me fez foi expressa: "leva a garrafa vazia numa sacola de supermercado! (que naquele tempo não era de plástico, era de pano, resistente e ecológica). Tu podes cair e te 'lastimar' (no seu bom espanhol)". Eu, me achando a maioral, recusei. "Pode deixar que levo a garrafa na mão". E lá me fui pela rua de paralelepípedo...

Chegando a uma quadra do armazém, plaft, tropecei numa pedra e me arrebentei no chão. O casco se partiu. Fui salva por uma vizinha que, compadecida de meus gritos: "não conta pra minha mãe que ela me mata! não conta!" me arranjou uma garrafa vazia, foi comigo até o armazém e me entregou no portão da minha casa sã e salva. É claro que minha mãe ficou sabendo do fato, mas apenas sorriu, sabendo que, de qualquer forma, eu havia aprendido alguma coisa.

Num outro dia:

- Podes ir ao armazém pra mim? A comida está atrasada! Traz um pacote de lentilha e duas cebolas, por favor. Ah, e cuida pra descer as escadas! É muito escorregadio, podes te 'lastimar'! Cuidado!

A minha mãe tinha sessenta e seis anos quando foi ao armazém para mim, comprar lentilhas. Levou meu filho pela mão. Não caiu na escada. Não recusou minhas recomendações, porque sabia muito bem que faziam sentido. Voltaram os dois, ela com uma sacola na mão, e ele com um pirulito na boca.

Na verdade, nós não crescemos, simplesmente. Aprendemos a ser pais. E nossos pais, pela primeira vez, aprendem a ser filhos. Filhos conscientes de que os conselhos que nós ecoamos, valem para alguma coisa.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ensaios

Ensaio sobre a distância


“... espero que a gente se encontre logo, nas nuvens, ou no chão, ou no mar, em algum lugar...”


Ensaio sobre o esquecimento


Acabam

os sentimentos

não por falta de sentir

mas por sobra de esquecer...


... o que já se sentiu.


Ensaio sobre o futuro


(na primeira pessoa do plural)


Os laços se desatarão

Por falta de

NÓS.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Cacos de vidro de taças quebradas sempre aparecem onde menos se espera: embaixo do tapete, no cantinho da porta, sob o armário da cozinha, ou, até mesmo, dentro do seu sapato!

Cacos de sentimentos rotos podem ser tão cortantes quanto os da taça que quebrei ontem. E também costumam aparecer onde menos se espera.

Para ambos os casos, recomenda-se:

balde, água e faxina.

Sobre mim

Ando com a pulga...

Ando
com a pulga
atrás das letras
com as palavras presas
escapando por teresas.

Márcio Davie Claudino

http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/default.php?reg=16&p_secao=57

Poema que circulou nos ônibus de Porto Alegre, em 2007.
(Obrigada, Clarice, pela descoberta...)

Por falar em poema no ônibus, eu me inscrevi no Concurso "Poemas no Ônibus de POA", deste ano... Torçam por mim!!!




terça-feira, 2 de setembro de 2008

Arde

Lá pelos meus quinze anos, o passatempo predileto da gurizada à minha volta era entrar de penetra nas festas das minhas amigas. Todos, mais ou menos na mesma faixa etária, tinham como principal evento social as festas de quinze anos das colegas, inclusive eu.


Depois, o tempo foi passando e aí eu comecei a ir a festas de casamento. Recebia convite para ser madrinha, ficava pensando nos vestidos que usaria, nos presentes que daria. Atualmente, estou na fase das festas de aniversário de um aninho. Não tentem calcular a minha idade. Mas é fato que, conforme o tempo vai passando, os eventos sociais também vão se transformando. E isso começa a ficar preocupante quando a gente começa a ir aos velórios.


Bem, constatado o fato, fica a pergunta: quantas histórias, quantas fases da vida são possíveis de narrar a partir de um álbum de fotografias? Vocês poderiam responder: depende da fase da vida em que ele foi tirado. Ou há quanto tempo foi isso. Se é uma festa recente de quinze anos, pode ser que as histórias sejam restritas: no máximo, a aniversariante conta uma avó falecida, uma tia que viajou pra longe. Já do álbum de uma festa de bodas de ouro, já daria pra contar bastantes histórias.


Meu filho fez um aninho em abril. Só se passaram cinco meses. Não haveria praticamente nada de novo pra se contar, afinal, se passaram apenas cinco meses! A lógica, entretanto, não funcionou, nesse caso.


Naquele álbum do Ursinho Pooh, estava uma amiga e seu filho, que morreram num trágico acidente de carro. Um casal, que olhava sorridente para a câmera, hoje tem os olhos cegos de ódio um pelo outro. Uma menina, que chutava a barriga de sua mãe, já enche a casa com seu chorinho de recém nascida.


A vida arde e não tem explicação, disse o cantor.


E eu assino embaixo.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Ver todos os sorrisos possíveis escoando em cor vermelho sangue, pelo ralo, a deixou perplexa.

E com um pouquinho de dor na cabeça, um pouquinho de dor na alma e um pouquinho de medo do escuro.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Ninhos

Para Álvaro Azambuya


Com madeira e pregos
Ele fez um ninho.
Ninho de palavras
na casa de um poeta.

Lá, o poeta guardava, alinhados,
os livros que escrevia
E os que os outros escreviam também.

Muitos ninhos
o marceneiro produzira
em cinqüenta anos de profissão.
Não tinha pretensão de divindade,
mas foi do pó que criou seus filhos.

E, numa dessas voltas redondas que
o mundo insiste em dar
A
filha do marceneiro
quis dar uma de escritora!

E plaft!
foi parar no ninho
da casa do poeta
que o pai, marceneiro, havia feito.

O pai fizera um ninho
para as palavras da filha.
Sem saber.

E o poeta, ah, o poeta.
Haveria personagem melhor
para ser o elo
desta história?

***

Não dá pra ficar sem explicar, porque é uma situação que me comoveu imensamente.

Meu pai é marceneiro, e foi ele quem fez as estantes de livros da casa do Fabrício Carpinejar.
Ontem, na Sessão de Autógrafos de ANTOLÓGICOS, tive a oportunidade de dizer-lhe isto: o sobrenome AZAMBUYA estaria duas vezes na sua estante: primeiro, pelas minhas palavras no livro e, segundo, pela estante que as acomodará...
Não é uma história comovente mesmo?

Pai, tenho muito orgulho de ti. Das tuas mãos calejadas e também de conheceres literatura universal e discutir comigo autores que muitos dos meus colegas diplomados sequer ouviram falar.

Aqui, a minha homenagem pra ti.

***

A Sessão de autógrafos de ANTOLÓGICOS foi um SUCESSO! Gente, nós ficamos duas horas autografando sem parar, havia fila imensa!

Eu estou muito feliz!!!!! E que venham mais momentos como esse!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

É HOJE O GRANDE DIAAAAAAAA!!!

Sessão de Autógrafos de "Antológicos", às 19h30min, na Livraria Cultura.

Apareçam por lá!!!

Mais Antológicos

Sábado, ao meio dia, foi ao ar entrevista nossa, concedida à Rádio Unisinos, no programa "Escrita Fina", apresentado por Fabrício Carpinejar.

SU-CES-SO!

***

Matérias estão saindo em vários Jornais! Vale dos Sinos, Clic RBS, etc. Seguem os links.

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2140546.xml&template=3898.dwt&edition=10554&section=999

http://www.ziptop.com.br/vp/jornalvs/

http://www.momentoregional.com.br

To devendo (1)

- Alô?
- Tere, falaí.
- Alô? Humberto Gessinger???? Oiiiiiiiiiiii! Bah, sou tua fã, admiro muito teu trabalho, não pude estar aí no Studio Clio, mas te deixo meus parabéns, viu?
- Obrigado, obrigado, valeu.
- Tchau.

(Valeu, Rafa, me fazer falar com o Humberto Gessinger justo quando eu estava enfiando o pé dentro de um ônibus lotado foi o melhor presente de amigo, viu???)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Um explicação

Por que realizo meus sonhos?
Porque sou míope.
Como não enxergo de longe, eu tenho que ir caminhando, chegando pertinho, pertinho daquilo que quero ver.
Quando me dou conta, estou ali, bem em frente.


segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Tristezas infinitas assolam o lado de dentro dos meus olhos.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Teoria da atração (nome provisório)

No ano passado, eu estava lendo um livro do Mário Quintana, quando, em um dos seus poemas, constava um verso em inglês. Fui pesquisar no Google, acabei descobrindo que o autor daquele verso era de John Keats. Dois dias depois, eu havia esquecido o episódio, e estava lendo um outro livro teórico, para meu trabalho de conclusão, nada a ver com Mário Quintana. Pois não é que encontro, no mesmo livro, um capítulo inteiro sobre John Keats?

***

Ontem eu conversava com uma colega de serviço, assunto trivial, nada a ver. Ela me contou um fato ocorrido perto da casa de seu namorado, na rua da Matriz, descendo ali aquela lomba e pá pá pá. Aí, comentei que eu tinha uma ex-colega, do tempo de Magistério, que morava bem ali, mas que fazia mais de cinco anos que não a via. Pois não é que hoje, ao meio-dia, enquanto eu ia comprar os ingressos pro teatro, encontrei a tal da guria?

***

Nunca aconteceu com você ter ouvido ou lido uma palavra nova e, um ou dois dias depois, ver essa palavra estampada num outro lugar?

Pra tudo isso, deve haver uma explicação. Por enquanto, nomino de teoria da atração.

Aceito sugestões.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Hoje, nem que seja por alguns minutos, eu preciso de um colo.

E não faça da minha sensibilidade apenas um motivo para inflar seu ego. Regale-me sincera atenção. Não me peça explicações.

Não tenho vocação para placas de distâncias.

É tudo o que eu sei.



(foto tirada por mim, numa praia bem longe daqui)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pra saber de verdade

Eu poderia perguntar, simplesmente, como está você. Mas isso é pouco e genérico demais.

Então, pra saber de verdade, prefiro estender as indagações.

Você sorriu quando se olhou no espelho hoje?
Quantos degraus subiu ou desceu?
Esbarrou nalgum móvel?
Você não esqueceu de nada ao sair de casa? (se saiu)
Quantas vezes arrumou o cabelo despenteado pelo vento?
Cumprimentou alguém que não conhecia?
Comeu sobremesa no almoço?
Tropeçou alguma vez?
Suspirou fundo olhando pro céu?
Me diga, vá, quantas vezes mordeu o lábio inferior?

Não, não é um interrogatório. É apenas a vontade de ser uma voz diferente daquelas tantas outras com quem todo mundo se depara durante um dia inteiro. É apenas o desejo de não ser mais um, no seu dia tão repleto de tanta coisa.

É, apenas.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O tempo não pára

Até ontem, ele era uma pessoinha dentro da minha barriga, que me chutava as costelas.

Pois hoje, quando tirei ele do berço, ele foi em direção ao sofá, escalou-o sozinho, sentou-se bem confortavelmente e me disse:

-Mamãe, bolo!

E eu, boquiaberta, sorri e fui lá buscar o bolo que eu tinha feito praquele toco de gente.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Natureza do espanto (ou Espanto da Natureza)

Eu vi nascerem interjeições na grama verde da manhã ensolarada de ontem.




quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Lançamento Antológicos



Cliquem aí, meu nome é o penúltimo!

Espero ver vocês lá!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Vi

Quadros de bibicleta são perfeitos para se pintar, a óleo, o retrato dos que andam a esmo.

A frase veio antes da cena.

Era sol de meio dia, quando muitos como eu injetavam seus olhos no chão, entre passos largos, e espraguejavam o número de blusões postos pela manhã.

Sob o mesmo calor, o menino de olhinhos pretos, tão escuros quanto sua esperança no futuro, retratava quadro a quadro o passarinho na árvore, o carro veloz passando a seu lado na avenida, a moça bonita e alta de óculos escuros, as costas largas de seu pai, o vento barulhento.

Vez em quando, a sacola a seu lado farfalhava, e a sua visão era ocultada pelo ramo de beterraba que se estendia à sua frente.

O menino estava na garupa da bicicleta. A garupa era uma caixa de verduras. E o menino era franzino e cabia dentro da caixa, entre as sacolas de verduras de seu pai, que ia pedalando sofrivelmente lomba acima.

Os olhinhos franzinos saltavam entre os ramos das beterrabas. E tomavam para dentro de si o mundo inteiro.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

"Não tenho habilidade para clarezas", disse o poeta.

Nem eu.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Dos traumas de pós-formada:

Todo mundo em expectativa de recomeçar as aulas e eu aqui, nessa vidinha de Câmara-casa-casa-Câmara.

Não poder dar carteiraço nos cinemas e no teatro. Droga!

A pulguinha do "arranja sarna pra se coçar, Teresa!" já começou a pinicar...

Hummm......

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Eu

Uma pessoa de poucas perguntas,
que precisa de muitas respostas.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Fim de temporada

É só conferir nos posts de outros anos... Mês de julho é festerê do início ao fim.

05/07 - aniversário do Rafa e do Cláudio (duas festas, muita comilança)

15/07 - aniversário do meu irmão (festa e comilança)

18/07 - minha formatura (festa, comilança e choradeira)

26/07 - aniversário do David (festa e comilança)

28/07 - aniversário da minha mãe e da mãe da Débora (festa, comilança e homenagem)

29/07 - aniversário do enrico (festa, comilança e crianças, muitas, pra acabar com nosso fôlego)

Bom, hoje é dia trinta, não chego perto da balança e encerro a temporada de festas.

Começa agosto, o mês do azar... Mas bem, espero que, neste ano, não seja tão azarado assim... (a gente sempre espera isso, mas tá, não vamos ser negativos, hehe)

Pra antecipar uma boa temporada, anuncio que o livro ANTOLÓGICOS, produção da nossa turma da formação de escritores, será lançado dia 26/08, na Livraria Cultura, pela Editora Nova Prova. Estão todos, de antemão, convidados. Comunico mais tarde o horário.

E, pra terminar o post com boa literatura, eis uma ótima pedida, sempre: Manoel de Barros:


O poema é antes de tudo um inutensílio.
Hora de iniciar algum
Convém se vestir de roupa de trapo.
Há quem se jogue debaixo de carro
nos primeiros instantes.
Faz bem uma janela aberta.
Uma veia aberta.
Pra mim é uma coisa que serve de nada o poema
Enquanto vida houver
Ninguém é pai de um poema sem morrer.
(Manoel de Barros)

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Formatura, melhores momentos (parte 5 - alguns amigos)

















São muitos amigos, muitas fotos, semana que vem tem mais!


segunda-feira, 21 de julho de 2008

Formatura, melhores momentos! (parte 1)

Gente:

Esperei tanto tempo por esse momento... Foram oito anos e meio de suor e, quando chega o dia da formatura, ele passa tão tão rápido!

Dois foram os momentos que mais me emocionaram: o primeiro, quando, ao pegar o diploma, abanei para meus familiares e vi o Augusto batendo palma para mim, na platéia; e o segundo, quando fui mencionada no discurso da Paraninfa Martha, que disse:

"A Teresa estudou literatura, como todas aqui, mas foi além e escreveu literatura, e já publicou. (ela falou mas coisas, mas eu já não me lembro, porque tinha começado a chorar)

A todos meus amigos e amigas que assistiram a esse grande momento, ou que mandaram mensagem, telegrama, e-mail, até mesmo energia positiva, meu MUITO OBRIGADA!

E agora, algumas fotos! (que serão postadas durante a semana, por conta do espaço permitido para postagem no blog).




sexta-feira, 11 de julho de 2008

Missa de formatura

Ontem foi a missa em celebração e agradecimento por minha formatura.


Foi lindíssima. Simples, mas emocionante.


Falta pouco!!! Uma semana para a cerimônia oficial!





Pessoal!

Foi publicado, no site da Oficina Literária do escritor Charles Kiefer, o Trabalho de Conclusão de Curso por mim elaborado e defendido na UNISINOS, sobre o tema Oficinas Literárias. O título do trabalho é "O papel das Oficinas Literárias na formação de autores contemporâneos".

Acessem. Leiam. Divulguem!
www.charleskiefer.com.br/oficina

E não se esqueçam de comentar!

teresabam@gmail.com

terça-feira, 8 de julho de 2008

A última viagem

Na última vez em que olhei
pela janela volante
não havia estrelas

Apenas as luzes pálidas
da cidade
e eu perplexa
no vidro

Não havia voz
Não havia vento
Não havia veias

Apenas as lembranças
das rodas na estrada
e de meu calor reclinado
no banco de trás.





sexta-feira, 4 de julho de 2008

(Des) saber

Sou o que não sei
O vento que leva.

Desejo de evanescência
O que o vento leva.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Dever cumprido

Acabei de entregar, há cinco minutos, meu último trabalho acadêmico da graduação.

Ótimo, dever cumprido, não aguentava mais trezentas mil pendências anotadas na minha agenda.

Mas deu uma melancolia, uma tristezinha... Foi o último, gente!

Agora é só partir pro abraço.

E buscar novos horizontes...